Recordações de um menino velho
E eu caminhei sobre a terra. Parti ao duelo com o Ego; a necessidade e a aflição. Que simplicidade tão agradável! O mundo girava; não bêbado, eu o via girar. Newton me dera esta lição; eu zombei disto e, mais tarde, deste veio uma semente de fé para o meu coração. Ele vira Deus caminhar, entretanto, o sábio que havia em mim não achou o caminho direito. Me perdi, não em mim, sim, nos outros. Os outros, outrora, me eram alegria. Mas, sobrando, arrastei-me pela areia vermelha, continuei e continuei. O mundo era meu. O mundo era eu. O mundo não era meu. Ponha aqui um tasquinho do seu pão, meu irmão. Oh, irmãozinho! E quanto era bom ter irmão. Não, não havia ninguém. Eu não tinha barqueiro, como Mendinho. Eu não sabia remar. Que pão bom! Que trigo delicioso! Oras, azeite, pra onde você se foi? Um gole de vinho pra molhar o pão. Eis um banquete extremoso! Isto é um donativo divino! Uma benção de novo. Basta de pão. Caminhar é preciso. Deus está no caminho, desde o princípio. Agradeço ao Senhor pela bondade imensa em firmar meus pés no chão, por suspendê-los quando foi necessário e me empurrar nessa marcha, cadenciada e perfeita, para que me acerte no compasso do tempo, de forma a nunca atrasar-me. Não quero caneta e tinteiro. Não quero eu e você. Se sou isso, sou aquilo. Já falaram isso? Nem sou aquilo, nem eu.
Oh, meu camaradinha, não insista pelo amor de ninguém; eles tem o direito de preferir outro que não seja você. Não desanime sua alma. Não ponha tristeza nesses olhos grandes e argutos. Você é especial, meninozinho. Deixe-me pegar na tua mão. Lembre-se de esquecer dos modos ruins deles. Eles não sabem comer o pão, tampouco beber o vinho; nem o sabor do azeite apreciam. Se apertar teu peito, não chore sozinho. Chore para fora de você. Corra e espalhe a todos que você é um garotinho sozinho. Oh, pobrezinho, que este desalento passe sem tardar. Se eu pudesse lhe daria tudo. Lhe fartaria de amor. No entanto, eu não existo e isto, eu sei, é difícil para você que me criou para ti e nada penso que não saia da tua própria cabeça. Se ao menos eu pudesse te ensinar a dormir, pois dormindo se esquece de tudo, meu camaradinha adorado.