A VIOLÊNCIA SE DÁ A QUALQUER HORA
Aguardávamos um soar de apito às doze horas; excelente horário para um assassinato. Eu e Solano esperávamos um automóvel à praça fronteira que nos levaria ao Bule Azul, bairro do outro lado da cidade. Ambos percebemos um carro vermelho com uma faixa branca sobre o capô, vagarosamente dobrar a esquina e seguir em direção ao portão lateral da grande fábrica. O apito finalmente soara e alguns segundos depois um aglomerado de gente atravessava o portão do prédio num vozerio característico de muitas pessoas juntas. Um dos turnos, evidentemente, acabara de cumprir horário. O automóvel parara justamente frente à saída como se esperasse alguém. Um homem magro de cabelos rentes saiu do carro pelo lado do carona, sacou uma arma escondida sob a camisa e atirou duas vezes. O alarido foi geral com pessoas correndo desesperadamente para todos os lados. Feito isso o homem entrou no carro que saiu velozmente pela rua de asfalto novo desviando das pessoas que tentavam escapar. Quando nos aproximávamos, o nosso automóvel chegara com o motorista bastante apressado. Deu para perceber, entretanto, que a pessoa baleada era uma mulher. Fomos embora. No outro dia saberíamos pelos jornais detalhes desse desaforado crime.