Passa areia pra sacaneá, vagabundo!

Estava com meus pais no fusquinha bege, o carro que a família tinha no final dos anos 70 e por toda a década de 80. Como de costume, eu ia no banco de trás, observando tudo pelo vidro traseiro.

Era uma avenida grande, movimentada, de metrópole, São Paulo, talvez. Apesar do trânsito intenso cortávamos a subida daquela avenida a milhão.

De repente, na subida ainda, vejo uma "cabeça" e percebo que se trata de uma pessoa perseguindo o carro. Daquele ângulo, na subida, parecia que a pessoa "brotava" da terra: primeiro a cabeça, depois o tronco e em último as pernas. Examinei-o de cima para baixo e percebi que o sujeito trajava roupa de atleta de São Silvestre. Tinha até o "quadrado" de número no peito, mas curiosamente o quadrado estava apagado.

O corredor se aproximava do fusca, cada vez mais, numa velocidade inacreditável. Quando chegou ao lado do carro, eu olhando para ele ainda, se aproximou da janela da porta do motorista e - sabe-se lá como - conseguiu pôr os braços dentro do carro, alcançar-me no banco traseiro e ME TIROU DO CARRO! "Pendurou-me" no ombro direito, disparou, ULTRAPASSOU O CARRO e desapareceu, comigo a tiracolo!

Uma pena eu ter acordado. Queria saber - e tentei imaginar algumas vezes nos últimos vinte e oito anos - a continuação deste sonho.