ERA NATAL!
Era Natal!
Embora não houvesse presentes, nem mesa farta, era Natal.
A mãe fazia o almoço; arroz, feijão, ovos estrelados, mas era Natal.
Brincávamos não sei de que, apenas brincávamos como que para passar o tempo. Num repente nossos olhos alcançaram nosso irmão caçula, que vinha com uma grande caixa na mãos. Mesmo sem embrulho a caixa nos chamou à atenção. Zezinho e eu corremos em direção a ele. "O que é isso? o que tem na caixa? quem te deu?". Valmirzinho, o dono da caixa todo orgulhoso disse apenas: _ "Ganhei é minha!
_Mas o que tem aí dentro?
_Um presente, respondeu abrindo vagarosamente a caixa, olhamos todos para dentro da caixa, tinha muito jornal.
Meu irmão foi tirando-os um a um; a cada jornal tirado fora, mais nosso coração apertava.
Invejávamos sua sorte.
Um presente de Natal; nós nunca havíamos ganho um presente de Natal e aquele momento parecia ter chegado, meu irmão ganhara um presente de Natal.
Valmirzinho, já impaciente retirou os jornais aos montes e assim no fim da retirada , tinha apenas um tijolo na caixa, não havia presente, foi apenas uma brincadeira de mau gosto de um garoto vizinho. A decepção e tristeza nos calaram.
Então voltamos cada um pro seu canto a brincar de não sei o que.
E era Natal, apesar da tristeza e decepção, era Natal.