Por Carlos Sena
Há uma historieta que corre na internet e que tem um sentido filosófico profundo. Trata-se de uma pequena passagem em que uma enorme cobra segue um pobre vaga-lume. Vendo que poderia ser devorado por aquela serpente, o vagalume se escondeu na copa de uma árvore pra ver se ela o deixava seguir seu caminho em paz. De repente o vaga-lume percebe que a cobra se enroscava na árvore para lhe alcançar. A cobra deu um bote, mas o vaga lume se socorreu das suas assas e voou. A cobra a seguiu atrás dele pelo chão e deu vários botes sem sucesso. Em determinado momento, cansado, já quase sem luminosidade, o vaga-lume gritou, corajosamente olhando nos olhos da cobra: “Dona cobra, eu não sou da sua cadeia alimentar, nem sou da sua espécie, tampouco não sou parente de sapo, de jia, de rã, que te faça querer me confundir com elas. Sendo tudo isto verdadeiro, por que me persegues, por que não me deixas em paz no meu caminho? O que te incomoda?” – Seu brilho, sua luz, respondeu a cobra, cabisbaixa, mas seguindo sorrateiramente seu caminho pela folhagem da floresta.
Qualquer semelhança com a realidade das nossas vidas não será coincidência. Quem tem luz, quem tem brilho, sofre. As pessoas travestidas de cobras não se reconhecem no seu veneno. Partem pra cima dos que tem carisma, que praticam o bem, que reluzem na execução do mais simples gesto. O que conforta é saber que a vida tem seus processos e que um dia, quem sabe, as cobras se limitem a transitar pelo chão deixando que os “vaga-lumes” humanos sigam em missão de luz.