Dois idiotas à espera de um divisor de águas
Um olhar de despedida.
-Carrego teu poema na carteira.
Outro, falsamente despreocupado.
- Tens o dinheiro da passagem?
Suspiro.
- Faltam alguns centavos.
Pensamentos voam, vez em quando. Quem sabe se ela dissesse:
- Quero trocar minha televisão velha na casa de penhora e ganhar um amigo. Pra quê esse olhar de silêncio, droga! Quero mais poemas na carteira! Um pedido seu e eu fico.
Mas na pressa, na raiva, em meio às buzinas dos trens, um beijo urgente misturou-se com aquele adeus triste do último dia em que se viram.