"NEGÃO MISTERIOSO" Conto de: Flávio Cavalcante

NEGÃO MISTERIOSO

Conto de:

Flávio Cavalcante

Ele era cobiçado em todo lugar que andava. Era um tipo de homem conhecido como símbolo sexual. Sua estatura era própria de um Deus de ébano. Seu corpo era desenhado, todo sarado. Ele era um modelo fotográfico propriamente dito. O mistério que este homem carregava, chamava a atenção de todos de seu convívio e por causa disso faziam uma marcação brutal na intensão de descobrir o que tanto aquele homem tão cobiçado carregava de mistério.

Segundo alguns amigos de seu trabalho que moravam no mesmo bairro que ele, diziam ser um cara legal, mas mesmo no bairro onde morava ele sempre carregou essa fama de ser um cara bonito e misterioso.

Ninguém conseguia entender a discórdia que ele tinha dentro de casa com a sua digníssima mulher. Ele parecia ter muito ciúmes dela e aquele amor platônico gerava em sua vida uma confusão que na hora que ele chegava na porta da sua casa a vizinha fechava as portas temendo á qualquer momento ser testemunha de um possível assassinato ou uma agressão física. Na realidade ninguém queria se envolver no assunto de marido e mulher. E mesmo os moradores que viram o negão nascer e crescer ali naquele lugar, nunca souberam o motivo daquele homem tão lindo ser tão ignorante com a sua mulher dentro de casa e diziam que ele podia enganar quem quisesse; mas eles, não. E faziam chacotas dele porque afirmavam que ele era corno e a mulher o traía com quase todo o Bairro. Isso é o que os seus amigos alegavam. Ele não escondia a revolta por causa disso.

A mulher de nosso personagem era uma mulher do lar ligada aos afazes da casa. Ele dava a vida por ela. Isso fora do bairro onde eles moravam. O que mais chamava a atenção no relacionamento dele com a sua mulher era que ambos tinham uma aparência espetacular e viviam num conto de fadas. Pelo menos era o que transmitiam para a sociedade fora do seu âmbito. O fato de viver de aparências incomodava aquele homem que tentava vez por outra procurar a sua bela esposa para momentos íntimos e era rejeitado sempre em suas tentativas. Todos sabiam das traições de sua bela e das histórias das outras ex-esposas que também o traía sem uma explicação lógica. No rosto apresentava sempre uma expressão de muita felicidade, mas via-se claramente em seu olhar que no fundo havia uma grande revolta com a sua mulher, mas por uma questão própria ele não comentava absolutamente nada com ninguém. Guardava aquele segredo com unhas e dentes á sete chaves.

Na sua relação de amizades todos tinham essa curiosidade de saber o motivo dele se retrair tanto. Ele era realmente um cara misterioso, só que não imaginara que todo segredo de sua vida estava prestes a cair por terra. Os amigos comentavam o fato dele se afastar quando ia a um banheiro, por exemplo. Na empresa que ele trabalhava o banheiro masculino era coletivo e todas as vezes que ele ia urinar ele não usava os bidês e se trancafiava dentro das cabines dos vasos. Todos achavam que ele tinha algum problema de saúde, pois ele nunca se mostrou da forma que nasceu nem na hora de sair da empresa onde todos se reuniam para tomar banho juntos. O nosso protagonista nunca tomou banho com os colegas e aquele ato aumentou ainda mais a curiosidade dos colegas que queriam desvendar o mistério a todo custo.

O negão, assim como era chamado pelos colegas, não imaginara que estavam aprontando uma com ele e sem perceber absolutamente levava a vida normal no dia a dia com seus colegas. Cada um dava uma opinião diferente á ponto de fazerem uma aposta. Em pouco tempo todos da empresa estavam envolvidos nessa aposta para saber o porquê do mistério do negão.

O problema era fazer uma armadilha para deixa-lo despido. Pensaram em várias formas, armaram estratégias e fizeram assembleias para concretizar a façanha, mas no final das reuniões eles não chegavam á um denominador comum. Até dar um porre de cachaça para o negão eles pensaram, mas descobriram que aquele home de cor escura o máximo que ele bebia era um bom copo d’água gelado ou quando exagerava bebia uma Coca-Cola nas quatro festas do ano. Até que de repente chegaram a conclusão que o ato ia ser da forma bruta mesmo. Todos sabiam que ele saía da empresa por volta das nove da noite e combinaram uma hora que o negão fosse entrar no banheiro para fazer suas necessidades. Acertaram para um deles, apagar a luz e o resto invadia e tiravam a roupa completa do amigo para de uma vez por todas descobrir a façanha.

Assim fizeram. O Negão despercebido entrou sem maldade alguma no banheiro e não sabia o que estava lhe esperando mais á frente. Assim que o moribundo adentrou pela porta do banheiro e se trancou na cabine os amigos acionaram o interruptor da sequência de lâmpadas fluorescente distribuídas no teto do alojamento da empresa e não obstante num piscar de olhos para aquele ambiente estar num breu total. Os amigos invadiram de uma só vez, pegaram o negão á força e o despiram totalmente sob gritos de terror. O dito gritava escandalosamente, mas os amigos não tiveram nenhuma comiseração. Depois da sessão aparentemente tortuosa em meio ao breu alguém gritou. Tudo pronto podem acender a luz. E a luz voltou como num passe de mágica. Todos ficaram atônitos com a surpresa. A Vítima não parava de gritar e em seus gritos deixava escapar que os amigos acabaram com a vida dele. Ninguém podia imaginar que o problema do negão era um complexo que ele carregava á sete chaves. Apesar de ter aquele corpo escultural e uma beleza invejável, ele tinha o pênis de criança e não conseguia uma ereção. Atribuía tudo que estava acontecendo na vida por este fato. Por isso que ele sempre foi complexado. Os amigos ficaram super envergonhados com a atitude covarde que eles puseram o amigo e todos pediram desculpas, mas, o negão não respondia só chorava e não conseguia parar de soluçar.

Hoje em dia os amigos têm a responsabilidade de nunca mais deixar o amigo de lado e passou á trata-lo da forma mais natural possível para ele esquecer aquela situação constrangedora e convencer de que aquele problema que ele dizia ser vergonhosos se tratava de algo natural . A aposta foi quebrada, porque tiveram consciência de não brincar com a desgraça dos outros. Todos os funcionários da empresa fizeram questão de convencer o negão amigo que ele era um cara normal como qualquer um deles e pela amizade e acolhimento, o negão acabou acatando os conselhos dos seus colegas de trabalho.

APRENDEMOS COM ESTE CONTO MAIS UMA LIÇÃO DE VIDA DE QUE NÃO DEVEMOS BRINCAR COM OS SENTIMENTOS DOS OUTROS.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 26/09/2012
Código do texto: T3903226
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