O menino com alma de gigante...
O menino com alma de gigante...
Por força do meu trabalho, presto atendimento ao público, assessorando na área trabalhista e também jurídica e queria lhes relatar aqui uma história realmente comovente.
Outro dia, atendi em minha sala uma família muito humilde, Pai, Mãe e um menino, com olhos brilhantes e uma inquietude normal para a sua idade, sempre perguntando sobre tudo, para que serve isso e aquilo, tomado pela curiosidade típica de quem tem sede de aprender.
Perguntei a ele a sua idade e me disse ter cinco anos, então me lembrei que sempre costumo guardar em minha gaveta, algumas barrinhas de cereal com chocolate, para os dias em que o trabalho me prende até mais tarde no escritório, perguntei a ele se gostava e me respondeu positivamente, então lhe ofereci uma delas.
O menino então se recostou na parede da sala e abriu o presente eufórico, pude ver no seu sorriso que aquele era um momento ímpar para ele, que não era habitual ter algo tão gostoso para comer e suas palavras de agradecimento, sua expressão de felicidade demonstravam isso.
Porém quando chegou à metade da barra, subitamente parou de comer, sem que alguém lhe tivesse dito uma palavra sequer, embrulhou o restante e foi guardando no pequeno bolso da calça muito simples que vestia. Logo me veio a curiosidade do porque do seu gesto, pensei que talvez estivesse querendo prolongar aquele momento de prazer, comendo a outra metade em casa, mais tarde, de qualquer forma não me contive em lhe perguntar, sem saber que aprenderia ali, naquela tarde de segunda-feira, uma lição de vida de um menino de cinco anos.
Quando o indaguei, me fitou com seus pequenos olhos negros e com orgulho me respondeu: “tio, vou levar essa outra metade para meu irmãozinho que está na creche, pra que ele tenha o que comer quando chegar em casa”.
A grandeza do gesto, a espontaneidade, a certeza de estar fazendo a coisa correta, a consciência da importância da partilha, a solidariedade, a demonstração de amor pelo irmãozinho ausente, me fizeram pensar, me fizeram entender o quanto isso está fazendo falta nos dias de hoje.
Esse menino com alma de gigante é o exemplo vivo e incontestável de que tudo tem jeito, que não precisamos de muito para mudar o mundo que aí está, que a valorização da vida deve ser resgatada, que precisamos dar valor a gestos simples mas significativos e aprendermos com eles, que a simplicidade e a inocência de uma criança pode nos ensinar muito e talvez assim possamos realmente ter um futuro melhor, com pessoas se respeitando e dividindo com os mais necessitados aquilo que talvez nem lhes faça falta...
Pensem nisso...
Adilson R. Peppes