O suícidio
Nada daquilo importava. Nada ainda importa. Tudo é estranho quando se está só. Um barulho ecoa. Dois barulhos ensurdecem. Nada importa. O que não importa? A vida é para se viver. A morte é para se morrer. O sorriso é para se sorrir. A voz é para o pensamento se tornar real. Nada daquilo importava. Tudo é estranho quando se está só. O quadro na parede sorri. A escada que sobe gargalha. Na mais importa. Um suspiro ensurdece. Um objeto se enobrece. Um objeto reluzente á luz do sol. Assustador á luz da lua. Um objeto. Nada mais importa. Um objeto com um destino. Nada daquilo importava. O cabelo esvoaça. A luz é rala. O som é nenhum. O barulho é comum. Grilos, corujas, cachorros... Nada mais importa. A gaveta aberta. O sofá com os braços abertos. Mente aberta. Televisão ligada. Sorriso falso. Alma perturbada. O sorriso é para se sorrir. A morte é para se morrer. A vida é uma desgraça quando você a torna uma desgraça. A vida é para se viver. Chuva chove. Frio sobe a espinha. Atravessa o corpo trêmulo. Um barulho. Um objeto. Nada mais importa... Tudo é estranho quando se está só.