Meus 18 anos
Aquele tinha sido meu primeiro aniversario, sem meu pai, talvez por isso tenha sido tão marcante.
Desde a infância tenho planejado a minha festa de 18 anos, pois meu maior desejo, naquela época, era ficar livre dos meus pais, poder tomar minhas decisões sozinha, queria sair sem ter que pedir permissão, enfim, queria ter liberdade. Mas, naquela noite, tudo que eu mais desejava era que minha festa acabasse logo para me trancar em meu quarto e simplesmente chorar...
Hoje, sei que tudo aquilo que pensei, que queria, era apenas uma fase onde preferia estar com meus amigos do que com os meus pais.
Depois daquela noite trágica, que levou meu pai para o céu, me arrependo de não ter saído com ele quando me fazia um simples convite: ”Minha boneca, vamos dar um passeio? Só eu e você?” E eu, com minha rebeldia, respondia com muita grosseria: “Aff pai, tenho mais coisa a fazer do que sair com você! E eu estou ocupada falando com minha amiga. Vá você sozinho!”. As vezes eu até mentia só para não ter que sair com ele, eu pensava que se alguém da minha escola me visse passeando com ele seria o maior mico do ano, ou quem sabe do século. Tolice a minha! Mal sabia eu, quanto o amava, e o quanto ele faria falta...
Ah, e depois da tragédia, descobri quem são os meus verdadeiros amigos, os que eu achava que era mais de cem, hoje conto nos dedos... Aprendi a valorizar mais os pais (o que, no meu caso, aprendi tarde demais) do que os amigos. Aprendi que pai e mãe a gente só tem um na vida, e que infelizmente não são eternos. E que amigos a gente faz assim, em um estalar de dedos.
Sei se eu tivesse valorizado os meus pais, tivesse passado mais tempo com eles, hoje lembraria dos nossos momentos sorrindo e não derramando lágrimas pelos olhos...