DUENDES E FADAS-MADRINHAS
Andei pelo dia com uma sensação de desconforto ardendo pelo peito, travando a garganta, impelindo-me para um lugar antigo e primitivo: um mundo cinza, absurdamente tolo e profundamente triste.
Fiz então como fazia quando criança, voltei à cabana de índio que construí no fundo do quintal da casa de minha pequena aldeia.
Ali muitas vezes conversei com meus duendes e minhas fadas-madrinhas, revelando os quartos escuros e os monstros que os habitavam. Contava dos medos e do abandono. E, principalmente, questionava sobre minha culpa em relação às tristezas e desencantos das pessoas mais importantes de minha vida, meus pais.
Os duendes pacientemente me explicaram que eu não tinha qualquer responsabilidade sobre as emoções deles e as fadas-madrinhas argumentaram que eu era muito pequeno para tentar resolver problemas de adultos.
E hoje, quando voltei à minha cabana de índio, perguntei aos duendes por que a tristeza tinha voltado ao meu coração e eles nada me responderam. Apenas me olharam com aqueles olhos carregados de amor que sempre tiveram.
Fiquei confuso e dirigi-me às fadas-madrinhas. Elas também me olharam de forma amorosa e nada disseram.
Sentei-me no chão da cabana e chorei convulsivamente por um tempo que não lembro. Estava em outra dimensão, como se boiasse num imenso lago azul, sem divisar qualquer perspectiva da margem.
Quando as lágrimas cessaram e retornei ao chão da cabana, o duende mais velho tomou a minha mão e me disse que eu olhasse, naquele momento, para o meu coração. Lá estaria a resposta para o que eu quisera saber. Disse também que aquela seria a última vez que eu os veria, porque a missão deles junto a mim já havia acabado. A razão disso também encontraria no meu coração.
Então, um a um, os duendes e as fadas-madrinhas me abraçaram e se foram.
Fiquei ali, sentado, tentando perceber a dor da perda que, irremediàvelmente, eu iria sentir com a partida deles.
Mas não havia dor nem tristeza.
Senti um calor agradável percorrendo-me o peito e, aos poucos, surgiu uma imagem à minha frente. Obscura, no início, foi se tornando nítida e pude me ver adulto, tendo no colo o menino que fui.
Andei pelo dia com uma sensação de desconforto ardendo pelo peito, travando a garganta, impelindo-me para um lugar antigo e primitivo: um mundo cinza, absurdamente tolo e profundamente triste.
Fiz então como fazia quando criança, voltei à cabana de índio que construí no fundo do quintal da casa de minha pequena aldeia.
Ali muitas vezes conversei com meus duendes e minhas fadas-madrinhas, revelando os quartos escuros e os monstros que os habitavam. Contava dos medos e do abandono. E, principalmente, questionava sobre minha culpa em relação às tristezas e desencantos das pessoas mais importantes de minha vida, meus pais.
Os duendes pacientemente me explicaram que eu não tinha qualquer responsabilidade sobre as emoções deles e as fadas-madrinhas argumentaram que eu era muito pequeno para tentar resolver problemas de adultos.
E hoje, quando voltei à minha cabana de índio, perguntei aos duendes por que a tristeza tinha voltado ao meu coração e eles nada me responderam. Apenas me olharam com aqueles olhos carregados de amor que sempre tiveram.
Fiquei confuso e dirigi-me às fadas-madrinhas. Elas também me olharam de forma amorosa e nada disseram.
Sentei-me no chão da cabana e chorei convulsivamente por um tempo que não lembro. Estava em outra dimensão, como se boiasse num imenso lago azul, sem divisar qualquer perspectiva da margem.
Quando as lágrimas cessaram e retornei ao chão da cabana, o duende mais velho tomou a minha mão e me disse que eu olhasse, naquele momento, para o meu coração. Lá estaria a resposta para o que eu quisera saber. Disse também que aquela seria a última vez que eu os veria, porque a missão deles junto a mim já havia acabado. A razão disso também encontraria no meu coração.
Então, um a um, os duendes e as fadas-madrinhas me abraçaram e se foram.
Fiquei ali, sentado, tentando perceber a dor da perda que, irremediàvelmente, eu iria sentir com a partida deles.
Mas não havia dor nem tristeza.
Senti um calor agradável percorrendo-me o peito e, aos poucos, surgiu uma imagem à minha frente. Obscura, no início, foi se tornando nítida e pude me ver adulto, tendo no colo o menino que fui.