Se sentiu viva saindo de casa
Morava junto, mas cansado da relação, Juarez disse
A Jurema: seremos apenas amigos. Porque quero outras
Coisas”. Ela, coitada, assustada, não se conformava.
É isso ou cada um pro seu lado. Na primeiro dia
depois do acordo, ele não voltou pra casa...Ela, desesperada
desabafava com a irmã, só pode ser outra... só pode, homem
não larga tudo assim sem ter nada garantido...homem é
tudo covarde...E as noites foram passando, quando vinha pra casa,
deitava no sofá e ali mesmo apagava, no outro dia ela fazia aquele café
gostoso, caprichado, como se nada tivesse mudado. Continuava a lavar suas roupas, e cuidar da casa, como se ainda existisse aquele amor
de antigamente
Ele impassível, decidido, contente. Falava do trabalho, de
Suas histórias e ela ria sem ter vontade...Ele estava bem e isso
Acabava com ela...deixava a pobre mais apavorada ainda...
dez anos juntos e ele acaba e não sente nada, não sofre,
nada...
A irmã lhe dava colo, lhe ouvia, tentava animar
A pobre mulher, que emagrecera, ficara triste e desengonçada
E Juarez da vez mais forte, cada vez mais livre. Saindo bem
Arrumado, comprou roupas novas, perfume caro, o sapato
Brilhava...
Não precisa cuidar de minhas roupas, não tem obrigação. Dizia
Isso e ela não aceitava, pois cuidar dele ainda era jeito de ter
Esperança...e passou meses, e nada daquele homem voltar a
Ser o que era...Ele era frio comigo, mas era o jeito dele, eu reclamava,
Agora nem isso, ele está bem e é isso que importa, não é?
Querendo se acalmar inventava aceitação. Tudo mentira
Louca de paixão, não fazia outra coisa a não ser chorar...
Os olhos inchados, doloridos, o coração despedaçado...
O que faço sem ele?
A irmã que já estava cansada um dia estourou...Chega, Jurema!
Não quero ouvir sua Lamentação, vai pra vida, arruma um homem, chega...
Não aguento mais!...Enquanto isso continuar não venho mais na sua
Casa....
E logo jurema se deu conta da sua situação...Estava sozinha
E muito carente, e que isso não era justo...
Naquela noite se arrumou toda, foi no guarda-roupa e pegou uma saia curta
Que desde moça não usava, uma blusa colada, um calor
Forte , se olhou no espelho, e deu uma gargalhada, pareço
Uma louca, se criticou, nessa idade vestindo assim...Mas bem
Que ainda tenho pernas bonitas...Se alegrou, depois levantou
A blusa, o seios pequenos, bonitos e bico duros, a barriga batida...
Se deu conta dela, acordou, suspirando...virou de costas
E levantou a saia até aparecer a popa da bunda...arrebitou
Como se alguém pedisse, se excitou com o próprio corpo
Aquele filho da puta me paga” .
Abriu a porta assustada. Meu Deus! Sou uma mulher casada,
Que vergonha! Desceu a rua jacarandá em direção a praça da feira
Vou na gafieira, vou na gafieira, repetindo pra dar coragem.
Vou na gafieira de Seu Antônio. Vou sim, se não vou.
Vou mesmo acha! Vou ficar morrendo enquanto aquele desgraçado some?
Viu uma mesa logo na entrada, nem viu se tinha muito gente,
Parecia que a terra de fechado, tudo escuro...Sentou...
E logo o garçom veio: O senhor tem batida de limão?
Tomou com gelo, numa golada, levantou a cabeça e nunca tinha
Visto tanto homem na vida, ficou assustada.
Quis ir embora, voltar pro quarto, Lá se sentia segura. Mas não, trato é trato, não vou me decepcionar...Entre uma dose e outra foi dançar, dançou com um
E com outro, com um moreno alto, depois um homem gordo, dançou com
Um rapaz que parecia uma menina de bonito....
Na frente primeiro, na parte clara...Depois foi pros fundos onde
Acontece os arrochos. Não se importou, foi arrochada, gostou
E fumou um cigarro...Beijou na boca de um rapaz novo, beijo
De língua...ficou molhada de vontade...Ficou rindo na volta pra
Casa...
Na rua de sua casa, uns vizinho lhe olhava. Não se sentiu envergonhada
Se sentia viva..louca pra chegar em casa pra trocar a calcinha