Com açúcar e com afeto

Sai ela pela tarde, linda a tarde e linda ela.

Sempre sozinha tentando e inventando cores para espantar a solidão.

Vai a museus, exposições, praia, ao cinema, seus amigos todos namoram ou são casados, os solteiros moram distantes.

Então aprendeu desde que saiu de casa a se virar longe da familia.

Inventa cores, almoços nas tardes silenciosas de domingo.

Almoços pra ela mesma, punha mesa com suas lindas louças.

Tem bom gosto tudo colorido lindo e delicado.

E ai fica pronto um salmão, ao molho de maracujá, com arroz integral, a toalha da mesa é vermelha, com rosas vermelhas. Os talheres são azuis.

E ali fica a olhar, esse almoço a ser apreciado por mais ninguem.

As vezes a tristeza vem queria muito ter alguem. Alguem que pudesse sentir seu sabor, sentir também sua cor, sua delicadeza de por a mesa. As vezes isso faz falta. Mas logo passa, é só, sempre foi, se acostumou com isso depois.

A noite depende de como é de quem é, dependendo ela sai sozinha, vai ao encontro da sua banda favorita e se diverte até de manhã. As vezes conhece alguem, conversa, as vezes. Mas na maioria ela chega só e vai embora só, mas isso não a abala, porque normalmente ela amou a noitada. Mas tem noite que não. Não dá pra sair não tem porque sair não tem nada lá fora, ninguem pra ver, nem se remexer. Então em casa ela fica as vezes a pensar, as vezes a ler as vezes a escrever, mas muitas vezes a sonhar. E é nesse momento que ela está bem acompanhada, feliz e amada na noite mais estrelada, numa mistura de açúcar e afeto...

Barbara Marques
Enviado por Barbara Marques em 04/09/2012
Reeditado em 04/09/2012
Código do texto: T3864463
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