Fake tales of Porto Alegre.
Ele estava tentando parar de fumar e suas balas halls tinham terminado. Café pra cá, café pra lá, o pó de café já se tinha acabado e nada daquela ansiedade passar. Andava pra lá e pra cá, trocava os canais da TV procurando um filme que pudesse lhe prender atenção, mas nada adiantava. Viu-se então digitando em sua máquina de escrever. PLIN, dizia ela quando chegava ao final da linha. Escrevia, escrevia, escrevia, porém nada que fizesse sentido. Escreveu 10 páginas aleatórias e não tinha cansado. Vou comprar um maço, pensou ele, mas não tinha um tostão no bolso. Talvez tenha alguns cigarros escondidos pelos bolsos, e saiu revirando todo seu guarda roupa e as coisas pela casa. Nada de achar um cigarro. Chorou então. Não tenho nem a porra de um cigarro, só posso estar na merda. Decidiu ligar então para Valentina, mas o telefone estava cortado. Chorava, com saudades de quando era uma criança. Saiu de casa em sua bicicleta e pedalava, pedalava, pedalava pra tentar tirar aquela angústia de seu corpo. Decidiu então roubar calmantes numa farmácia. Pediu pelos remédios e quando o atendente lhe entregou, saiu correndo e pegou sua bicicleta por instinto. Foi até a casa de Luciano e contou a história a ele, que ria sem parar. Tu queres um cigarro, cara? Não, depois de tudo que passei não quero porra nenhuma de cigarro. Tudo bem então. E acendeu o cigarro e deixou Francisco numa merda de novo, que saiu irritado e voltou a pedalar. Foi pra casa e tomou uns 3 comprimidos. Apagou na hora. No outro dia, acordou 8 da noite e café pra cá, café pra lá... Foda-se. Saiu pra rua e roubou cigarros do boteco. Sua namorada terminou com ele e ninguém acreditava em mais nada que ele fazia ou dizia. Diziam que seu vício era pior do que de viciados em drogas ilícitas. Fodam-se vocês, ele dizia. Sua casa desabou, sua bicicleta estragou, seu café acabou, desligaram a eletricidade em sua casa, a máquina tava sem tinta, mas ele ainda tinha seus cigarros. E o marlboro vermelho o libertou. Foi feliz para sempre.