A MORTE SÓ QUER UMA DESCULPA

Áurea voltou apressada da cartomante, precisava chegar em casa antes que o marido saísse para o aeroporto. A madame não tinha lhe dado boas notícias a respeito da viagem que Alfredo faria, tinha visto algo anormal em sua bola de cristal, algo que comprometia a vida dele, não era para fazer essa viagem, seria melhor deixar para outro dia. Áurea se perturbou, motivo pelo qual saiu correndo para casa com o intuito de evitar que o marido fosse para o aeroporto. Mas era tarde, ele já havia tomado um táxi e se dirigido para o local de embarque. O carro estava na garagem e rapidamente ela pegou as chaves e foi ao seu encontro, talvez desse tempo de evitar que entrasse no avião.

Estacionou o carro e com a rapidez de um raio conseguiu alcançá-lo no saguão, já no momento de apresentar o bilhete de embarque. Alfredo ficou surpreso com a chegada da esposa, com o seu desespero, não querendo que ele embarcasse. Atônito com aquela situação, Alfredo pediu que tivesse calma, que nada iria acontecer e que precisava viajar, afinal era uma viagem de negócios e a sua presença era indispensável nessa reunião. Por mais que ele insistisse ela argumentava que não poderia viajar, que ele estava correndo um grande risco e que ela não pretendia ficar viúva tão cedo. Enfim Alfredo se convenceu e desistiu da viagem, cedendo aos apelos da esposa tão preocupada com o seu bem estar.

Já dentro do carro, profundamente abatido, lamentando ter que faltar a uma reunião tão importante para a empresa em que trabalhava, Alfredo consolou Áurea, que agora estava bastante calma, suspirando de alívio por ter evitado uma desgraça na família. Gostava muito do marido, era o homem a quem se dedicara nos últimos dez anos, sentia-se bem ao seu lado e não imaginava como seria a sua vida sem ele. Mesmo a contragosto ele a abraçou e a beijou, ligando em seguida o carro e pegando a estrada, tomando o destino de casa, onde em poucos minutos eles chegariam.

A pista estava livre, com pouca movimentação de veículos, o que o fez dirigir a uma velocidade razoável, afinal não tinha pressa para chegar e quando isso acontecesse trataria de tomar um banho e seguir depois para o escritório, onde arranjaria uma desculpa para justificar não ter viajado. Na sua retaguarda vinha uma carreta que desenvolvia grande velocidade e Alfredo achou prudente deixar que o motorista o ultrapassasse, o que de fato já acontecia, só que um carro em sentido contrário achou de ultrapassar outro, justamente no momento em que a carreta já estava ao seu lado. Para evitar um choque frontal com esse veículo, o motorista da carreta foi forçado a jogar o pesado veículo para a direita, colidindo com o carro de Alfredo, que foi arremessado para fora da pista, capotando várias vezes. Alfredo teve morte imediata, enquanto Áurea teve algumas fraturas e escoriações, escapando milagrosamente.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 28/08/2012
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