Passarela do Tempo - In Contos

Há,exatamente, uns 35 anos atrás,passava ele por aquela passarela sobre uma grande e famosa rodovia que ligava São Paulo ao litoral paulista; o objetivo dele era conseguir um emprego do outro lado da passarela,onde localizava-se um bairro fabril.Dentre as firmas ou empresas ali existentes, era objetivo dele conseguir emprego em uma das duas empresas de sua preferência: Indústrias Atma de brinquedos e, igualmente, Indústria de brinquedos Estrela.

Era, pois, com o coração aos pulos, cheio de expectativas, de sonhos, de ideais, de felicidade, que atravessava a passarela, ao menos, uma vez por semana.

Jovem ainda, sonhava com aquele emprego; trabalhar em linhas de montagem,acrescentando peças aos brinquedos, que,aos poucos, tomavam forma: de um carrinho, de boneca, de trens, de aviões, de

soldadinhos...

Ele sonhava com os sorrisos das crianças ao receberem tais brinquedos, principalmente,pela época do Natal. Porque poderia dizer

a si mesmo ,cheio de orgulho, que de uma forma ou de outra, contribuiu

para aquele sorriso.

Sonhos de outrora.

Agoramente, homem maduro, velho, observa ele,que, vezmente, ainda

procurava aquela passarela que existe até hoje. Passar por ela,e ver abaixo dela os carros passando. Isto continuava igual, mas do outro lado aquelas empresas que eram sua preferência,não mais existiam.Acabaram no esquecimento de muitas crianças,que hoje,

igualmente,maduras e velhas.

Porém,este que atravessa a passarela hoje, não é mais aquele dos idos tempos.Já não há mais sonhos ou ideais; não há perspectiva.

É lógico, agora, tinha o seu trabalho, a sua família,, contudo,não tinha mais a sua própria essência: aquele sonho repleto de ideais, de aspirações, de metas e objetivos. Tudo acabara.

Passado estes 35 anos, o que o leva a passarela é uma certa nostalgia, uma certa saudade daquele jovem que por ali passava cheio

de esperanças.Tais esperanças transcendentalizara-se e transformara-se em arquétipos de harmonia , equilíbrio e paz interior.

Mesmo assim,já velho e doente não conseguira atingir tal objetivo.Não

era mais moço e, pouco tempo, lhe restava para tentar resgatar aquele jovem ainda vivo nas lembranças de cada dia. Percebia,ele,tristemente,

que aqueles ideais morreram. Não tinha equilíbrio,harmonia ou paz interior. Estava vazio.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 27/08/2012
Reeditado em 08/11/2012
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