A infância era um calo!!!
_Não gosto de crianças. Detesto elas ! Detesto! Detesto! Detesto. Detesto!! E pronto!
Ele Desabafou.
Era o que ele sempre pensava. Parece que sua repugnância à infância aumentava a cada dia em que um ser pequenino o visitava. As crianças, pensava ele, querem tudo para si, são chatas e birrentas.
Dizia:
_As crianças são minhas inimigas!
Se ele pudesse escolher, não receberia crianças em sua casa. Baixaria decreto. Faria um manifesto. Criaria uma lei complementar. Instituiria todas as leis que proibissem a entrada de crianças em sua casa e, em especial, decididamente em especial, no seu quarto.
Certa vez, alimentou o desejo de ser político. Ora, se o fosse, poderia elaborar alguma lei que pudesse impedir o trânsito livre de crianças pela rua. _Que ideia brilhante! Ele deduziu.
Outro dia, lá estava, mais uma vez, o temível e terrível intruso em sua casa. O abominável. Aquele que lhe tirava o sossego, que não se contentava em ver ao longe, e tão-somente ao longe, seus objetos pessoais. Para ele, as crianças eram extremante e intensamente egoístas, impacientes, encrenqueiras, fofoqueiras e bisbilhoteiras.
Depois...ao fundo, ele acorda de sobressalto de seus pensamentos e é interrompido de impor um olhar negro sobre o odiado e odioso visitante, pois, surge uma voz estressada e estridente:
_Pedro Henrique, empresta já esse carrinho ao seu amiguinho!
_Mas, mããããããeeeee!!!
...
...e ele repete, mentalmente, mais uma vez, o desabafo inicial.