Um dia, talvez - Final II
Ele apenas esperou para ter certeza se eu era realmente a Sophia e me puxou de uma forma indescritível para a pista de dança, não sei por que, deixei meu corpo fluir até, ser guiado em suas mãos. Nós estávamos frente a frente na pista de dança, e eu não conseguia prestar atenção em mais nada.
Foi nesse momento em que eu comecei a lutar contra esse sentimento que tomava conta de mim e me perguntar o que eu realmente estava fazendo ali. Uma enxurrada de pensamentos conflitantes passaram a tomar conta de mim, pensei em sair dali, mas suas mãos me seguraram.
Começamos a dançar, meu corpo seguia de forma sincronizada com o dele, como já tivéssemos feito isso muitas vezes antes. A música passou a ser um mero detalhe para mim, eu apenas queria aproveitar o momento, eu estava experimentando uma sensação até então desconhecida, estava me entregando completamente, sem nem ao menos entender o porquê disso.
A festa estava se tornando algo escuro para mim até ele aparecer, me fez de forma repentina enxergar a luz de uma forma que praticamente me cegou. Fez-me se entregar completamente e me fez ficar a mercê de seus movimentos.
Não sei quanto tempo estávamos ali nos curtindo, se é que assim pode-se definir esse momento. O que sei apenas é que seus olhos verdes não me mentiam mais e o que me restava era beija-lo, de uma forma que nenhum outro mereceu e ele correspondeu de uma forma que nenhum outro fez. Ficamos ali, não se sabe quanto tempo, não se sabe também se estávamos chamando atenção.
Após nossos lábios se separarem eu não precisava me olhar no espelho para saber que meus olhos brilhavam eu estava em um momento de êxtase. Completamente perdida para falar a verdade, sempre tentando lutar contra isso, porém ele me fazia cada vez mais fraca.
Em um movimento de dança ele me girou, e me agarrou em seu peito por alguns segundos e me girou mais uma vez, dessa vez eu fechei os olhos para poder sentir apenas, mas ele não me puxou de volta e quando reabri os olhos ele não estava mais lá. Olhei para os lados e todos pareciam indiferentes e ele não estava mais lá.
Em um segundo meu mundo desmoronou em pedaços, podia apenas enxergar a ruinas daquilo tudo, vive o amor mais intenso que já tive e recebi de volta o adeus mais frio que já tive, pela primeira vez tinha me apegado à alguém, de forma irracional e paguei caro por isso. Sem dar satisfação a ninguém eu sai da festa e liguei pro meu pai.
Havia flores no chão da calçada que eu observava atentamente enquanto o esperava. Elas estavam ali e deveriam se sentir da mesma forma que me sentia. Meu pai chegou eu entrei no carro séria e apenas disse que a festa foi legal.
No outro dia eu acordei me perguntando se tudo aquilo não passará de um sonho, acredito que não. Peguei minha bicicleta e fui pedalar, meio que sem destino, precisava me sentir livre mas uma vez.
Final I:
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