Um dia, talvez - I
Era uma noite dessas, apena mais uma, que vinha para fechar um desses dias quem não tem muito significado, são indiferente e você sente como se não tivesse feito nada de produtivo, então seria melhor que esse dia simplesmente não tivesse existido. Foi quando meu celular vibrou.
Peguei o celular para olhar e ver do que se tratava, era apenas mais uma mensagem dele. Não sei o quanto ele é importante pra mim, nem mesmo sei se importante é a palavra certa para essa situação, apenas sei que ele insiste. Não que eu seja fria ou qualquer coisa do gênero, apenas não consigo enxergar reciprocidade nas coisas, mas não por culpa deles e sim por minha culpa.
Algumas pessoas dizem sofrer por se apegarem de mais, não sofro, mas não me vejo como mais um clichê, gostaria muito de me apegar a algo, mas as coisas parecem não quererem se apegar a mim. Peco por gostar de menos, entretanto eu considero essa visão um tanto quanto injusta, tenho minhas paixões, no entanto a minha visão de paixão é diferente daquela que a sociedade nos impõe. Sou atraída pelas coisas simples, pelas coisas de verdade, nada muito intenso, o que faz com que esse sentimento seja puro.
Após algumas mensagens trocadas, percebi que minha empatia o desanimou, mas não suficiente para magoa-lo creio, entretanto este não é o ponto. A questão é essa distância que mantenho das pessoas, se faço isso para me proteger ou para evitar machuca-las, não me considero uma pessoa ruim, muito pelo contrário, mas apresento uma tendência natural ou seria apenas outro dos meus tantos vícios, de manter as pessoas a distância segura de mim, para evitar que minhas oscilações afetem o relacionamento, seja lá qual seja a intensidade ou importância deste relacionamento pra mim.
Após muito custo consegui dormir, a noite foi longa, embora tenha dormido apenas algumas horas. Ao acordar percebi que o dia não seria muito diferente, apenas outro domingo qualquer. Decidi que deveria fazer algo para ocupar a cabeça, esquecer um pouco da vida, tomei meu café com torradas, como de costume e peguei minha bicicleta.
Ao começar a pedalar pude sentir o vento em meu rosto, me senti viva novamente, não no sentido literal da palavra, mas em um sentido só meu, um sentimento único, que eu não queria dividir com mais ninguém. O que me fez pensar, que talvez minha maior necessidade, seja de um lugar só meu, onde eu pudesse ser eu mesma sem se importar em agradar alguém, porém esse lugar não é algo físico e eu tinha acabado de encontra-lo. Sim eu me sinto viva! Quando eu percebi estava pedalando em um ritmo, muito além do habitual, estava exalando energia, estava colocando tudo para forma da maneira que necessitava. Voltei para casa.
Ao chegar peguei meu celular, para poder escutar minhas músicas, sim elas são minhas e de mais ninguém, o significado delas é único pra mim e diferente pra você. Algumas chamadas perdidas e eram todas dele. Depois de tomar um banho e de muito custo, resolvi que tinha de retornar. Retornei.
Estava um pouco nervosa, não sabia por que, ao fazer aquela ligação. Foi então que tudo mudou, pela primeira e ultima vez escutei a voz dela, dizendo que não deveria retornar e outras coisas tão banais, que para mim já não faziam sentido algum. Não havia sentimento algum de minha parte, mas aquilo representou o fim, as coisas pareciam não fazer mais sentido, tudo era vazio e então tudo começou, mais uma vez...