Meu pai
Meu pai, João Franco se Albuquerque, de família militar ele próprio o era, onde a austeridade era aceita como uma forma de lidar com os problemas da vida. Mas, conhecíamos o seu interior, o imenso potencial como pessoa gentil e amorosa. Cidadão eminente e querido nas comunidades por onde passou. Quando morreu, uma rua em Lajedo (onde morávamos) recebeu o seu nome. Fora homem bonito, trabalhador, honesto. Vestia-se com roupas sob medidas e engomadas, sapatos pretos engraxados; uniforme impecável sem uma simples prega, barba sempre feita e o cabelo bem penteado, cabeleira e barba cheia; usava óculos ray-ban.
Sempre interessado em viver uma vida “boa”. Homem probo, de coração magnânimo e altruísta, de autoridade paternal. Sem ser piegas, escondia no coração uma mina riquíssima de compreensão humana. Exigente sem ser carrasco. Intransigente em relação aos princípios morais e espirituais.
Lembro-me de quando nos reuníamos após o almoço, felizes a ouvi-lo contando sobre os acontecimentos do dia a dia.
À medida que meus pensamentos mergulham no passado eu me esforço por lembrar mais. Um dia, subitamente após ter saído para o trabalho, montado em sua moto, sofreu um acidente e nos deixou para sempre, no dia 19 /12/ 1968.
Tinha apenas 55 anos. Eu me vi pela primeira vez de coração pesado, a conjecturar comigo mesma se agüentaria a saudade.
Até então essa teria sido a minha pior experiência de vida. Nunca havia experimentado um sentimento tão grande de perda.
Não é fácil dizer adeus a quem ama.