Tudo? Não, obrigada.
Se perguntassem a Joana o que desejava há alguns anos, ela não saberia dizer, pois queria ser tudo: magra, culta, rica, realizada profissionalmente, ter um marido, filhos, fazer doutorado e etc... O modelo ideal pregado pela sociedade. Acreditava na falsa ideia de que se conseguisse tudo, seria feliz e mais amada. Mas, na verdade, quanto mais se aproximava do ideal, menos as pessoas a amavam. Cada conquista sua representava ameaça à vida segura escolhida por alguns e à incapacidade de administrar tudo de outros.
Mas, de fato, ela também não administrativa. De forma muito dolorosa, havia aprendido algo que era intrínseco à sua irmã: fazer escolhas. Com direito a crises de ansiedade, foi pouco a pouco resumindo seus desejos ao que lhe importava: em vez de viajar para a Europa e ter um carro novo, escolheu comprar um apartamento; como não foi aprovada no mestrado, decidiu fazer uma especialização em sua área de atuação; e trocou um emprego que lhe fazia infeliz, por outro que lhe pagava menos, exigia mais em horas, bem como de seu emocional, mas lhe proporcionava desafios.
E quando via pessoas de seu trabalho reclamarem de suas vidas, de seus “problemas”, da frustração de não serem "CEOs", mas meros supervisores de seção, ela não se importava. Não queria tudo a qualquer custo. Se antes sentia-se na obrigação de vencer, passou a se contentar, com segundo, terceiro... décimo lugar. A vida era curta e incerta, não merecia ser desperdiçada com promessas de sucesso. Talento, estudo, esforço, "QI" e inteligência emocional, não representavam garantias, apenas elementos que poderiam ou não ajudar o que realmente definia tudo: a sorte.
A grande custo, abandonou a grande falácia da sociedade moderna: ser senhora de algo, alguém, ou de si. Juntou seus caquinhos e seguiu... e se lhe oferecessem tudo, é provável que dissesse:
- Você me dará uma por vez? Se não, obrigada. Se sim, mas houver trabalho em demasia , passo!