Demagogia Artística!
Retornou para sua cidadezinha trazendo consigo uma semi-derrota.
Alugou com dinheiro alheio a casa de sempre, instalou a mobília surrada, acomodou sua frustração ao exíguo espaço e, não pôde recusar as insistências da solidão e seu inquilinato dolorido!
Rascunhava estórias bobas para se entorpecer em uns modestos devaneios tortos, gozando de coquetéis de analgésicos para as dores reumáticas, e do café forte; o único sabor que lhe despertava lembranças!
A aposentadoria nunca foi suficiente; e então, com o poder das frases feitas se empregou em adornar por dinheiro a morte, com epitáfios bem convincentes, ao menos às posteridades desavisadas.
Os corpos desciam às dúzias à cova, tranquilamente honrados pelo parágrafo comprado, uma dignidade sem méritos.
Aventurou-se também em compor discursos; e descobriu que sua literatura absurda elegia candidatos, emocionava, ainda que sendo reconhecidas demagogias; pois suas palavras fluíam agradabilíssimas, tal qual poesia aos ouvidos nobres!
A mentira, às vezes é dignificada pela sutileza da encomenda; e o autor quase sempre chora junto ao povo, enquanto aplaude...
E esse é um derradeiro desconsolo:
Seu dom será a miséria alheia!
Anderson Dias Cardoso.
Read more: http://dersinhodersinho.blogspot.com/2012/08/demagogia-artistica.html#ixzz2375whuqa