Mais um visitante.
Um anjo apareceu naquela janela, sim, meus olhos vidraram aquilo, e o vidro também.
Logo após daquela visão, um anjo novamente apareceu, mas não era aquele, era um anjo diferente, não possuía luz, e sua cor era uma tentação. Era tentador, existia ali, uma vontade de abraçá-lo forte.
Sinceramente, não sei se pensei alto, alto demais, ao ponto de ele ter ouvido os meus pensamentos. Só sei que corria, corria dali, da onde eu nem sabia o que era. Queria fugir, desaparecer, depois que pude olhar para aquele anjo, e ter pensado, em aceitá-lo em mim.
Olhei para atrás, e vi um céu puro de sombra, apenas sombra, nada era concretizado. Olhei para o meu lado, e não sentia ninguém comigo, não tinha ninguém.
Ouvi meu desespero dizer bem lá no fundo de mim, que queria sair , ele implorava. Mais uma vez, sem perceber, acabei descobrindo... Estava pensando alto demais, o desespero já estava olhando para mim, frente a frente, eu gritava por ver ele, eram gritos de terror.
Fugi mais uma vez, daquele mundo de sombras, tentei chamar de meu, aquele mundo de céu azul.
O dia já havia amanhecido, mas ainda não havia clareado para mim, estava flutuando ainda, e não queria pensar alto de novo.
Seguia em frente, mas nos lugares por onde passava, era como se não me enxergassem, parecia que não existia ali. Parecia que não havia mais vontade de pensar, e muitas vezes dormia, porque não sabia, e não conseguia fazer outra coisa.
Meu mundo parou, eu chorei, chorei tanto que não conseguia falar, alguma coisa no meu peito me fazia cair ao chão, eu cai e juntei minha cabeça nos meus joelhos juntos, e chorei mais uma vez, chorei, chorei, e não reparei porque estava ali á chorar. Queria ir para fora de mim, aquilo no meu peito me assustava, me possuía , como se eu fosse um produto que foi comprado, e agora está sendo usado.
Acordava, e estava em um lugar estranho, não me sentia entre os outros, não havia luz, não havia vontade, havia apenas uma nada que precisa de um tudo, e um vazio grande, cheio de coisas.
Os dias passavam e ainda continuava ali, presa. Já tinha tentado correr, gritar, chorar e isso não me fazia sair dali.
Encontrei pessoas, que tentavam me tirar, ou pelo menos me ajudar a sair daquele lugar, e eu tentava, mas não conseguia, eu ouvia essas pessoas mas não conseguia.
Implorava para o anjo que apareceu da primeira vez para mim, aparecer, e ouvir meus pensamentos altos, porém eu já não tinha aquela capacidade de pensar e nem de acreditar nos pensamentos altos. Só que ás vezes me rendia á certas vontades, e por isso existem marcas de cortes em mim.
Quando enxergava pessoas, bem como sentia elas comigo, conseguia quase que achar a solução para sair dali. Mas percebi, que algumas delas, já ficavam enjoadas de mim, criavam opiniões não tão boas ao meu respeito. Eu precisava delas, precisava sentir elas perto de mim. Acho que elas não precisavam da mesma coisa.
Voltava á chorar sozinha como todas as noites e dias. Me esforçava para enxergar aquele mundo que estava um dia, mas ainda não conseguia.
Encontrei, um lugar que tinha uma moça, que me deu uma esperança para encontrar a chave. Essa moça me disse:
- Sinta isso que está dentro do seu peito.
Refleti, e refleti mais uma vez. E quis tomar coragem, de aceitar em sentir aquilo. Para mim uma coisa mesmo pelo menor que fosse ainda era uma esperança gigante. Acordei, e comecei pensar em mim, pensei, e tentei pensar alto. Descobri que para sentir isso dentro do meu peito, tinha que saber o que era.
E sabem o que era e é? A dor.
Dei permissão aos meus olhos chorarem, agora choro, as vezes evito, mas choro. Tentei arriscar, em falar e tentar enxergar pessoas. Arrisquei.
Voltei a enxergar o mundo de céu azul, parece tudo novo, mas vire mexe lembranças se tornam constantes, e certos dias acordo naquele mundo. Sabe, não digo que foi uma simples viajem, eu voei, só que voei pra longe de mim, e quase que pra longe da vida. Então, tento me aproximar de Deus e de mim também.
Aquele mundo ainda não acabou, talvez exista por muito tempo em muitas vidas. Não vejo com tanta certeza mais aquele anjo, e acredito e tento acreditar naquele que me apareceu primeiro.
Posso voar ainda, com toda certeza, não cortei minhas asas, mas hoje sei melhor onde ir.
E os pensamentos altos? Ele estão o tempo todo junto de mim, mas não aparecem o tempo todo, aliás, não é preciso.
Viajem nos braços escuros da depressão.