TROPEIROS...ainda que em extinção, persistem, lépidos

TROPEIROS

Ainda que em extinção, persistem, lépidos, intrépidos . Tropeiros mercadores, das estradas os senhores, ungidos de sonhos, encilham muares, arribam as tralhas... lombos pisados de refregas da lida... apertam as cangalhas. Nos jacás os corotes, tranca-fios e bruacas, também chocolateira, o pito e o puxavante, o freme e o holofote...contam com a sorte.

Das reentrâncias as sendas que os levam ao distante em passos de gigantes... a qualquer recôndito aonde ir se possa, nos tropéis compassados de tropa descansada. Relhos nas mãos ... trinam assobios de melífluas cantilenas, dói-lhes a alma com saudades de alguém... singram colinas de escarpas e ravinas... o descanso ao relento.

Sonoros sussurros, quase mutismo, na trempe fumega o borralho no chão, grumos de cinzas, gotas ressumadas de lamúrias choradas...de solidão. Dormem ao pé da fogueira no queimo da acha, sembram folhagens de outono estendidos no chão. Dedilham as cordas da viola chorosa, saudando a noite mimosa aos respingos do luar.

Dormem ao relento, decifram perigos, sustem a coragem de homens valentes.

Bimbalham sonoros cincerros em pescoços suados de muares cansados. Na trempe fervente a panela “supita,” deixando exalar da paçoca o cheiro de carne de sol.

Improvisam canções...corações alquebrados por amores que distante ficaram por eles a sonhar.

EGÊ VALADARES
Enviado por EGÊ VALADARES em 06/08/2012
Código do texto: T3816432
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