Almas Mortas

//Quanto vale duas palavras numa manhã cinza?//

De nada servem aquelas palavras doces derramadas em teus ouvidos. De pouco adianta entregar as rosas que por ti cultivei. Amores perdidos entre sonhos distantes, irrealizáveis. O que resta são as promessas vãs entre tragos de cigarro, pedidos de desculpas e noites mal dormidas.

_Quem és tu? – pergunta o velho senhor que me observar andar sem rumo entre prédios baixos e ruas simétricas.

Não sei como responder, mas não faltam palavras, eu sei o quem eu sou. Não sei, porém, o que queres que eu seja. Queria simplesmente parar de me questionar sobre você, esquecer essa mania que tenho de pensar. Pensar onde eu errei, pensar nos teus beijos, pensar minhas mágoas, pensar que não te mereço.

Por que é tão fácil entregar nosso corpo a desconhecidos e tão difícil permitir que nossos corações sejam visitados? – somos tão humanos assim, somos meros seres normais?

Permita-se ser desejada, permita-me dizer tudo que sinto, de como teu olhar me conduz ao paraíso, de como me perco tão facilmente nos teus lábios, de como duas palavras tuas podem significar tanto numa manhã cinza.

Sinto ruborizar meu rosto quando estou perto de você, desejo que o tempo pare quando nossos rostos se tocam ao nos cumprimentarmos, olho uma última vez pra trás antes de deixar você na porta de casa.

De repente, quem sabe, acontece.