A noite que me afogou
Faltou o saber, sim, senhor. Mas venha logo, venha depressa, enquanto os vigilantes não retiram a faca! Vamos clamar aos anjos amarelos pela pele e pela rede! Por isso teremos que nos redimir, cada um de nós, ao amanhecer.
Quase um milhão dos profanos como você chegaram tarde, percebe? Nesta noite que passou, o machado e a vela sopraram para longe as borboletas inocentes. E nada como um novo braço para sorver junto de nós a bebida do marasmo destes dias desesperados!
Ainda tenho nojo daquele barco que via de vez em quando. E sou eu agora o breu que se esconde enquanto a noite cai. Ali permaneci. Ali! Exatamente onde eles iam entrar: o mar. Sim, este sou eu! O foragido, o estúpido alto ser que te cortou quando você deu as costas para desfazer o nascer do passado.
Esperei muito. Ainda que o ouro não tenha pés, entre nós o murmúrio para ganhar atenção foi secreto sempre.
Facilmente nos levantamos e em paz comemos o arroz que nos ofertaram para agradar, neste carregado barco perdido. Mas os preparados eram muitos. Eu os observei e liguei os fundos de minha barba para o caso de serem eles os santos. Porém o infortúnio cuspiu-me na cara e eu adormeci pesadamente assim que o jovem servil voou!
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Este conto faz parte do e-book "Noites do Jardim"
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