As meninas palestinas
Atentas ao perigo, as meninas palestinas caminham cabisbaixas pelas ruas de sua cidade. Quando podem, se distraem e se agitam na brincadeira de criança. Não poderia ser de outra forma. Em sua cidade, a Cisjordânia, não tem como evitar o corre-corre. As barreiras provindas dos assentamentos impostos pelas autoridades israelitas, trás desconforto, cansaço e desentendimentos entre colonos e moradores. Caminham grandes distâncias a pé, em busca de comida, sob a guarda dos mais velhos, sem perderem de vista suas sacolas, ainda firmes nas mãos. Por onde passam, as meninas observam as dificuldades, o cansaço, os doentes sem socorro, sem acesso rápido às ambulância e hospitais, por conta do fechamento das estradas daquelas áreas.
O medo refugia-se no silêncio. Os colonos perturbam-se com a aproximação dos palestinos nas áreas fechadas e o comércio local fica comprometido. A violência, as mutilações de toda ordem, parecem não ter mais fim. Tudo assusta. Ao raiar do dia, as meninas se deparam com o cheiro forte que vem da janela. Verduras podres são lançadas em suas portas e janelas que se misturam ao odor de urina. Sem pedir, sem querer, carregam os primeiros fardos do dia, que se estendem durante o percurso à escola. Amedrontadas, as meninas preocupam-se com o que pode acontecer e dos cuidados que devem ter, caso recebam pedradas ou ameaças.
No retorno para casa, posicionam-se ao redor dos pequenos canteiros da horta, sob o sol em elevadas temperaturas. Com a ajuda dos irmãos e familiares, conseguem plantar o que dá, e o que permanece. As mulheres cuidam das colmeias de onde saem excelente mel para o complemento alimentar de suas famílias. Com a água escassa, pela falta de cisternas na captação das águas das chuvas, as meninas se confortam com os tanques de água móvel que circulam pelas ruas. Seu uso é racionado, com restrições e tempo marcado para chegar. Com os avós doentes, aumentam as carências da família, tendo direito a um pouco mais. Ao anoitecer oram em coro. São crianças que no silêncio buscam o que todos almejam, a sonhada tranquilidade de ir e vir. Ainda assim, conseguem sorrir. Um sorriso de esperança. Acostumadas ao socorro, ainda acreditam na paz do sono. Deitam-se e sonham como qualquer criança, deixando para trás os desconfortos e as desventuras do dia que passou.
Texto escrito em 21-08-2010 - com pseudônimo do mesmo autor
(Alkinzev)
Atentas ao perigo, as meninas palestinas caminham cabisbaixas pelas ruas de sua cidade. Quando podem, se distraem e se agitam na brincadeira de criança. Não poderia ser de outra forma. Em sua cidade, a Cisjordânia, não tem como evitar o corre-corre. As barreiras provindas dos assentamentos impostos pelas autoridades israelitas, trás desconforto, cansaço e desentendimentos entre colonos e moradores. Caminham grandes distâncias a pé, em busca de comida, sob a guarda dos mais velhos, sem perderem de vista suas sacolas, ainda firmes nas mãos. Por onde passam, as meninas observam as dificuldades, o cansaço, os doentes sem socorro, sem acesso rápido às ambulância e hospitais, por conta do fechamento das estradas daquelas áreas.
O medo refugia-se no silêncio. Os colonos perturbam-se com a aproximação dos palestinos nas áreas fechadas e o comércio local fica comprometido. A violência, as mutilações de toda ordem, parecem não ter mais fim. Tudo assusta. Ao raiar do dia, as meninas se deparam com o cheiro forte que vem da janela. Verduras podres são lançadas em suas portas e janelas que se misturam ao odor de urina. Sem pedir, sem querer, carregam os primeiros fardos do dia, que se estendem durante o percurso à escola. Amedrontadas, as meninas preocupam-se com o que pode acontecer e dos cuidados que devem ter, caso recebam pedradas ou ameaças.
No retorno para casa, posicionam-se ao redor dos pequenos canteiros da horta, sob o sol em elevadas temperaturas. Com a ajuda dos irmãos e familiares, conseguem plantar o que dá, e o que permanece. As mulheres cuidam das colmeias de onde saem excelente mel para o complemento alimentar de suas famílias. Com a água escassa, pela falta de cisternas na captação das águas das chuvas, as meninas se confortam com os tanques de água móvel que circulam pelas ruas. Seu uso é racionado, com restrições e tempo marcado para chegar. Com os avós doentes, aumentam as carências da família, tendo direito a um pouco mais. Ao anoitecer oram em coro. São crianças que no silêncio buscam o que todos almejam, a sonhada tranquilidade de ir e vir. Ainda assim, conseguem sorrir. Um sorriso de esperança. Acostumadas ao socorro, ainda acreditam na paz do sono. Deitam-se e sonham como qualquer criança, deixando para trás os desconfortos e as desventuras do dia que passou.
Texto escrito em 21-08-2010 - com pseudônimo do mesmo autor
(Alkinzev)