Máyra

Era jovem, dezenove anos. Linda. Mais gostosa que a Shakira. Tinha um corpo que fazia os homens gozarem só de olhar. Quando a conheci nem fiquei tão fascinado. Já tinha me acostumado a pegar mulheres bonitas; "ela era só mais uma", é o que eu pensava. Dedução completamente incorreta. Odeio deduções. Amo deduzir. Amo Máyra.

Ficamos juntos durante três anos. Na primeira semana de namoro, marcamos de nos encontrar num bar. Cheguei quarenta minutos antes do horário combinado, mania. Sentei-me na mesa perto da janela, um lugar reservado. A garçonete veio até mim. Mulata perfeita, com os seios mais perfeitos ainda. Pude apreciar visualmente por causa do decote. Pedi uma dose de Whisky. A vadia da garçonete me dava mole. Queria me dar. Fomos no banheiro mesmo. Eu de pé, ela ajoelhada. Depois de engolir tudo, se levantou. Joguei-a na parede, chamei de lagartixa haha mentira. Só encostei-a na parede e por traz, entrei nela com força. Acabamos rápido, pois ela tinha que trabalhar e eu esperar minha namorada. Retornei à mesa. Máyra chegou minutos depois. Me deu um beijo demorado e um abraço fofo. Não me senti mal por ter acabado de comer a garçonete. Eu sou filho da puta. Aliás, eu era. Na verdade ainda sou um pouco, mas no meu caso é um tipo de filha da putagem diferente. Máyra sentou ao meu lado. Não estávamos tão próximos, mas ainda assim senti o perfume do seu longo cabelo ruivo. Bebemos muito. Conversamos muito também. Ela era culta. Seus assuntos preferidos eram Literatura, Blues e Guerra do Vietnã. Necessariamente nessa ordem. Também era muito extrovertida. Cômica, via trocadilhos em tudo. Me fazia rir como ninguém, quase um stand up humano. Tinha uma boquinha sexy; pequena, mas você não faz ideia do que cabia nela...

Perdemos a noção do tempo. Perdemos a noção. Saímos de lá embriagados direto para uma praça escondida no mesmo bairro. Máyra havia comprado dois baseados antes de ir ao bar, mandou um sms avisando. Fumamos, acompanhados das psicodelias daquela noite fria. Tínhamos um ao outro, foda-se o mundo. Foda-se as regras. Foda-se tudo. De lá vimos o Pôr do Sol... E com o sol, nasceu também meu amor por Máyra.

Durante esses três anos foi assim. Dias inesquecíveis, palavras inesquecíveis, brigas esquecíveis e o tempo passando rápido demais. Eu me entreguei a esse relacionamento como um motoboy entrega a pizza; como um X9 entrega seus comparsas. Nosso amor era completamente recíproco. E era bom. Gostoso. Único. Queria escrever todas as lembranças que eu tenho dela, mas lembranças não são para ser escritas. Memórias são para ser escritas. Estou olhando para ela agora. Para Máyra. Está deitada, sua beleza me instiga. O nosso pra sempre, que realmente seria pra sempre, não foi. Ela morreu na madrugada de ontem, de overdose. Tem uma pulseira com meu nome em seu pulso.

Sou um filho da puta.

saahandradee.blogspot.com.br

Sabrina Andrade
Enviado por Sabrina Andrade em 21/06/2012
Reeditado em 21/06/2012
Código do texto: T3736341
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