Onde se perdeu meu irmão? Parte 5
Isabel esperava por Augusto, mas quem apareceu para buscá-la foi Fábio. Já dentro do carro, Fábio começou a conversar com ela.
Como estão as aulas?
Poderiam ser mais curtas.
Está se sentindo bem?
Com muito sono. E preocupado com o meu irmão.
Eu também.
Não entendo por que vocês terminaram.
Ele que quis, até hoje não entendo também. Estávamos indo tão bem.
Você sabe que conta com meu apoio para voltar com ele. Sempre vi vocês tão felizes. Não sei o que aconteceu. Quando foi mesmo que acabou?
Quando a doença da sua mãe se agravou. Ele se sentiu muito pressionado.
Pois é, ele assumiu várias responsabilidades.
Ele nunca disse para sua mãe né.
Não, mas recentemente disse para o meu tio.
Nossa, que progresso.
Foi o que eu disse. Não sei se ele ficou com medo de a mãe piorar se ele contasse, mas agora já passou essa oportunidade. Mamãe já se foi.
O carro parou em frente à casa da avó, e Isabel desceu, agradecendo a Fábio pelo favor.
Imagina. Você sabe que eu faço muita coisa pelo seu irmão.
E nem todas ele merece.
Muitas vezes você é mais adulta do que ele.
Sim, mas vamos deixar isso em silêncio, ele pode se decepcionar –disse Isabel, dando uma risadinha.
Augusto estava no restaurante, com sua colega, mas mal tocara na comida, estava com um olhar distante e frio, como se estivesse a quilômetros dali, até que foi chamado de volta ao mundo.
Augusto, tá me ouvindo? Disse Rafaela.
Oi? Respondeu o rapaz.
O que aconteceu com você? Não comeu ainda, fica aí com essa cara estranha.
Estou completamente sem fome.
Sim, mas precisa comer. Como pretende aguentar o resto do dia no trabalho?
É...
Eu sei por qual momento você está passando, e quero te ajudar. Mas você também precisa se ajudar.
Toda hora fico pensando no futuro. Por enquanto temos algum dinheiro para sobreviver, mas depois...não sei.
Olha, isso tudo é bem preocupante, mas eu queria que você se esforçasse para pensar em coisas boas, alegres. Pensei em irmos a um café no sábado. Para conversarmos sobre outras coisas, fugir desse ambiente. A gente nunca se vê fora do trabalho.
Café? Vou ver, acho que preciso passar um tempo com a Isabel.
Com a sua irmã? Oras, ela vai aguentar se o irmão dela tiver outros planos, não?
Acho que sim. Muito bem, café sábado, você escolhe o lugar.
Ok, agora come o que tá aí.
Tudo bem, mãe.
A última coisa que eu quero é que me veja como uma mãe.