O Barba ruiva Parte-4(o plano de Maria Cristina)

As cores dançavam,circulavam a fogueira que seguia alta e altiva pelos céus.Nos olhos de maria Cristina do outro lado da janela reluziam chamas,aquecia-se seu coração,renascia sua esperança.Não sabia ao certo porque,mas sabia que ali existia algo capaz de lhe salvar, e isso era a melhor coisa naquele momento.

Infelizmente a janela estava trancada com cadeado,o que não era exagero do Barba ruiva,o russo sabia que tendo chance Maria Cristina fugiria até mesmo pela chaminé,e até conseguir conquista-la,(ele realmente imaginava que conseguiria) as cosias teriam que ser assim.

"Leandro"Ouve Maria Cristina como um eco."Leandro" repetiam-se os chamados em um sotaque acentuado."Deve ser espanhol" pensava ela consigo mesma.

Como queria ela romper com o próprio punho aquela janela e ser ver livre de uma vez por toda,ir embora para uma terra distante com aquele acampamento de ciganos.(sim,eles eram ciganos,cinco no mínimo)Mas não havia jeito,se ainda fosse somente o cadeado a prende-la,não se importaria de cortar a mão para salvar o corpo inteiro, salvar a vida,mas também existiam grades,grandes e densas barras de metal que a faziam sentir como se estivesse em uma penitenciária.quem lhe dera,pelo menos lá teria a chance de se ver livre o mais tarde que fosse.Depois também ela estaria lá por algum motivo,não iria se arrepender,ou se se arrependesse saberia por que fora ali colocada.Prisioneira na casa do Barba ruiva não.Ali ela estava sem culpa,sem motivo.Talvez por ser bela de mais?Ainda assim não era motivo,ainda assim não era justo,ainda assim era terrível.

Só conseguiu dormir quando acabou a musica e a altiva fogueira se revertera em pequena brasa ainda quente entre os tocos de carvão.

Na manhã seguinte ainda ouvia gritos,choros de desespero,pedidos de socorro.Não podia ser sua imaginação,ela já nem sonhava mais,estava acordada,bem acordada.Pois então o que seria?Eram gritos finos,de mulher ou de criança,de mulher e de criança.Não importava,nada lhe importava agora,somente a própria Maria Cristina,Maria Cristina e sua situação,e sua pena,e sua condenação injusta e terrivelmente verdadeira.Não era sonho,não era imaginação,era real,e ela precisava fazer qualquer coisa para escapar daquilo. Tinha a noite toda pensado em alfo que lhe tirasse dali,que lhe salvasse,e só lhe vinha uma alternativa na cabeça,ganhar a confiança do Barba ruiva.Para começar não poeria mais chama-lo assim,o chamaria de...Andrey,de Andrey ou de querido? Andrey, ainda não tinham nem dois dias de "casados" ele logo desconfiaria.Precisava ganhar a confiança de Andrey,e logo que possível fazer com que ele se afaste da casa,para então juntar-se de qualquer maneira ao acampamento cigano e fugir com os forasteiros.

Podia demora rum pouco talvez,mas o que seriam alguns dias para quem uma vida toda para salvar?

Deviam ser oito horas da manhã quando o Barba ruiva(ou melhor,o querido Andrey) abriu a porta do quarto e a chamou:

-O café ta na mesa!

-Eu já vou Bar... Andrey!-Sorria vigorosa,mas não sorria para ele,sorria para o seu futuro,sorria para a sua salvação.

A sala de jantar não era muito diferente do resto da casa.Escura,úmida sem graça...

Para comer porém ela não precisou fingir,estava com muita fome,e a comida até que não era ruim.quase esquecendo-se de que se tratava de seu segundo maior algoz.(o primeiro era seu pai:o maldito!)Maria Cristina lhe dirige a palavra contrariando o que ela mesma havia dito na noite anterior quando chegara."Não pretendo lhe dirigir tão cedo a palavra" ou seria "Não pretendo dirigir tão cedo a palavra a você"?Tanto faz.De um jeito ou de outro se contrariou:

-Foi você mesmo quem fez a comida?

A cara carrancuda do russo, a barba ruiva tapando-lhe o rosto.Por um instante Maria Cristina havia se arrependido de ter perguntado.

-Não,quem fez foi a governanta,por que,está ruim?

-Não,eu só queria mesmo saber.eu não sabia que você tinha uma governanta.

-O nome dela é irina,ela veio comigo da Russia.Não adianta tentar falar com ela,ela só fala russo.

Ele era seu algoz é verdade,mas ela tinha maior do que qualquer coisa uma curiosidade,e foi inevitável não começar uma conversa inesperadamente sincera com o barbudo.

-Eu...Eu posso te fazer uma pergunta?

-Outra?

-Eu...eu queria saber por que você me comprou?

-Não importa.-Responde ríspido.

-Mas eu preciso...

-Me pergunta o que quiser,menos isso.-Havia uma exaltação em seu tom d voz.Havia um medo surgindo n'alma de Maria Cristina.

-Então...Por que você ta aqui,por que você veio lá da Russia?

-Eu fugi.

-Fugiu,de que?

-Do governo.Ou eu fugia ou eles me matavam.

Maria Cristina não era estúpida,sabia o que estava acontecendo no mundo em sua época.Na Russia por exemplo uma guerra civil extremamente violenta precedia uma imensa revolução: a dos socialistas.Seria o Barba ruiva,o seu segundo maior inimigo,um socialista?um idealista como aqueles jovens que lutam pela felicidade dos mais pobres e infelizes,pela felicidade da sua nação?

Seria o Barba ruiva um jovem também?não parecia,a barba lhe escondia o rosto e a idade,mas Maria Cristina sentia um tom de juventude em sua voz.NÃO SERIA tão difícil assim Maria Cristina conquistar-lhe a confiança.e talvez não fosse tão impossível Andrey conquistar Maria Cristina.

CONTINUA...

Diogo Machado
Enviado por Diogo Machado em 18/06/2012
Código do texto: T3730818
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