Pelas ruas da cidade.
Na noite natalina, as ruas enfeitadas com bolas douradas em meio à predominância das cores verde e vermelha. Vejo pessoas sorrindo com presente, já outras com tabuleiros de alguma iguaria assada em uma padaria. Clima de Natal, alegria por toda a cidade. Sigo pelas ruas estreitas de pedras polidas de mineiro de ferro como equilibrista sobre o desnível natural das pedras escorregadias, mas o que mais assusta é sentir e ver o desnível do poder de aquisição estampado ali na minha caminhada até o ponto de taxi mais próximo.
A noite de Natal tem esta substancia que amolece nosso coração e que deixa a sensibilidade bem perceptível. Assim é comum encontrar pessoas tristes, acotoveladas em balcão de bares se entregando numa dose a mais, ilusória emoção de afastar as lembranças e ou saudades de pessoas queridas e ou amadas, que talvez nunca mais recebam suas lembranças e ou seus abraços e beijos numa noite de Natal.
Já próximo da praça vejo um taxista solitário na espera do último cliente, antes de seguir para sua casa na noite da festança. Abro a porta, lhe desejo Feliz Natal, que ele retribui automaticamente. Pergunta sobre meu destino, imagino que ele pensa ser próximo da região de sua casa e assim fechar com chave de ouro a sua jornada. Respondo que vou para o hospital, no que ele se volta para trás com ar de interrogação, mas nada fala. Sem mais palavras liga seu carro, e o radio, a tocar musicas sertanejas e seguimos em direção ao hospital. No trajeto vou olhando pelo vidro embaçado, as luzes piscando lentamente nas casas e ruas e dentro do taxi apreensivo e triste vou com meu coração molemente ancorado nas ultimas esperanças, de encontrar com vida o meu amigo vitimado pelo transito naquela noite.
Toninho
08/06/2012
Este foi o exercício Nº 3 para criar uma historia curta com base na frase de Carlos Drummond de Andrade:
Meu coração vai molemente dentro do táxi.