D.Zeuzinha, uma jovem senhora, trabalhava muito. Perdera o marido logo após o parto do último filho.
O marido? Não era grande coisa...
Até doente ficou na hora que iria sobrar mais trabalho para ele, pois voltando do hospital com a sétima filha em dez anos, ele viu que não iria aguentar e, realmente, sem dormir à noite, devido aos choros da Geni, a bebezinha, saiu para ir ao armazém comprar leite para a filharada e...bateu a cabeça numa árvore, ficando ali mesmo estatelado...
Enterro feito às pressas, com a bebê pendurada na teta, rodeada dos demais,que corriam por lá, acabou e tudo seguiu e segue até hoje...
Dona Zeuzinha hoje pagava os pecados com aqueles "maledetos" genros que por lá apareciam.
Parecia que as sete filhas só arrumavam bombas.
Ela dizia:
_Apareceu alguma porcaria nova na cidade?
Tô sabendo! Lá vem mais uma bomba aqui para casa.
E não dava outra.
Tinha uma das filhas, que era então a campeã.Ninguém se igualava à Geni, a caçula, nesse quesito: arrumar bombas para se relacionar.
Assim, aos trancos e barrancos a família ía adiante.
Geni, um dia, chega em casa com um moço .
_Mãe, esse é o Leocádio, vai passar uns meses por aqui comigo! Não tem onde morar .. Pode chamar de Léo,tá?
_Como assim?
E o papo vira em discussão, mas Geni sai ganhando e o moço bom passa a fazer parte da grande família.
D.Zeuzinha saía para trabalhar e por lá, alguns ficavam dormindo, outros apenas preocupados no dia de receber a pensão do pai ...
Léo trouxera pouca bagagem.Apenas três sacolas de mercado.Uma com cuecas, meias, outra com algumas roupas sujas e surradas e a terceira, com uma caixa.
Foi dito à mãe que ele tinha uma relíquia nela e ninguém deveria mexer...Apenas ele...Lá estava Bernardo., segundo ele...
_ Deixa eu ver o bichinho! pediam todos e ele irredutível...Bernardo era um mistério...Só ele o via e tratava...
O tempo passa, a rotina lá sempre igual. Brigas, confusões, alternadas com risadas, trabalhos de alguns, vagabundagem de outros.
Uma manhã, milagrosamente, a casa estava vazia. Todos tinham ido à cidade juntos.
_É hoje!- Pensa D.Zeuzinha. Vou ver o que tem naquela misteriosa caixinha!
A abre, vê algo impactante...
Um rato,que a olhava vesgo...O focinho, franzido...
Ela de susto, larga longe a caixa.E grita!
Mas, lembrando do cuidado que o genro tinha com aquilo,o procura. Encontra sobre o roupeiro.Havia voado alto.
Mas vê que não se move.
_Pronto! E agora?
Fica inventando mil desculpas para evitar confusões, mas sabia que teria que enfrentar...
À tarde, assim que Léo e Gina voltam, ela avisa que tinha algo a dizer:
_Senta,Léo!
Não vais gostar nada da notícia:
_Eu matei o Bernardo! Foi sem querer! E passa a contar o acontecido...
Léo sai correndo, bufando, transtornado...Vai até lá e não vê nem o rato nem nada na caixa...Tudo vazio.
_Onde está o Bernardo?
_Estava morto, foi pro lixo!
__NÃO estou falando do RATO e sim das cinzas do meu pai, Bernardo!!
Nessa hora, D.Zeuzinha cai dura!
Ao acordar, vê a filha chorando! Léo havia ido embora.
Não aguentara saber que tinha dividido o pai com estranhos.
Meses depois, Léo foi internado e ficaram sabendo que ele fugira do manicômio há algum tempo! Tinha fixação com o pai, que, aliás, o abandonara ainda criança...E até hoje, morava em uma cidade bem longe dali vivo, vivinho da silva...
D.Zeuzinha, respira aliviada e aquele fato, apenas confirmara a sua tese sobre as filhas e seus "achados"...Era, mais uma bomba, apenas questão de tempo, estouraria!
E dessa haviam se livrado!!!
Qual seria a próxima?