Isabele

Eu sentia algo doer dentro de mim, fazendo com que muitas dessas noites, a morte fosse meu grande desejo. Que ela chegasse, matando toda minha dor, meus medos e meus arrependimentos. Deitava-me sobre a cama, fechava os olhos e desejava com todas as minhas forças que eles nunca mais se abrissem, e que eu me perdesse na interminável escuridão. Desejar isso me incomodava, incomodaria qualquer que se incomoda com a dor.

Eu sentia a presença dela comigo, sempre. Isso fazia com que minha cabeça ficasse pesada, que eu pensasse com dificuldade e não prestasse atenção em nada. Ela estava em mim. Na minha cabeça. Na minha loucura talvez. Mas ela existia... Talvez no meu mundo.

Isso sufocava-me incessantemente, mas não é algo que você vá entender. E não é algo que você seja capaz de imaginar, até porque isso nunca chegará perto da sua realidade. É confuso não só pra você, leitor, mas pra quem escreveu também.

Então você pensa em desistir, ela te apoia. Você planeja causar dor nos seus entes queridos, em todos. E ela continua com você. Mas aí você reage, lembra-se do que era antes disso tudo, lembra-se de como é bom sentir o calor da felicidade. As lembranças incomodam-na. Ela quer me afastar de tudo e todos, me fazendo prisioneira, fazendo com que eu sinta pelo menos um pouco da sua dor. Como se eu fosse culpada, como se eu devesse pagar por algo que não me lembro mais. Se você incomoda ela, ela também irá incomodar você. E era sempre assim.

Eu inacreditavelmente ainda creio que ela ainda será como uma pessoa equilibrada. E que toda essa sua fúria, misturada com o esse seu amor pela dor, irá acabar.

Estamos no mesmo pacote, esmagadas, mas juntas. E apesar disso tudo, eu gosto dela. Eu gosto dessa sensação de que algo místico está havendo. Eu gosto de saber que ela existe quando está comigo. E de que ela também sabe da minha existência. Por mais macabro que seja, eu sou feliz assim. As vezes. Não muitas, mas sou.

S Wayne
Enviado por S Wayne em 27/05/2012
Código do texto: T3690060
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