NAVEGANDO PARA A LIBERDADE

Domingo ensolarado, quatro horas da tarde José vai a Ponta de Humaitá nadar um pouco para relaxar depois de mais uma semana de trabalho árduo em uma carpintaria perto de sua casa, no bairro da Massaranduba. Ele sempre vai nesse horário para poder apreciar o mais belo pôr do sol da cidade. Seis e meia da noite José está caminhado de volta para casa e no meio do percurso ele presencia um crime.

Rafael, filho do Senador Jurandir Cascagrossa, se envolve em uma briga com uma garota de programa. Após discutirem e se agredirem fisicamente, Rafael saca uma arma e atira na garota que cai já sem vida na calçada. Imediatamente Rafael entra em um taxi e foge do local. José, desesperado, liga para a policia informando o que havia acontecido. Ao chegar ao local do crime, a polícia encontra José atônito e paralisado. Como era a única testemunha, foi levado a delegacia para prestar depoimento.

Receoso do verdadeiro assassino ser descoberto pela polícia, Rafael conta tudo a seu pai. Cascagrossa, inescrupuloso como sempre, oferece uma substancial propina de duzentos mil reais para o delegado responsável pelo caso incriminar José, livrando o seu filho de pagar pelo crime que cometeu.

José é um jovem simples, mas gosta de ler e se manter informado. Sabia que nos presídios do Brasil existem muitas pessoas, que mesmo provando sua inocência, ainda continuam encarcerados devido as falhas da Justiça.

Assim que José é informado que o assassino é Rafael, filho do senador Cascagrossa, e ser forçado a confessar pelo crime que não cometeu por meio de tortura, ele resolve fugir na primeira oportunidade que aparecer. Oportunidade essa que surge duas semanas após quando é liberado para responder em liberdade por não haver nenhuma prova que o incriminasse.

Ao chegar em casa, José beija seus pais e sua irmã. Arruma a sua mochila, pega alguns trocados a sai sem saber ao certo para onde ir. Com medo de ser reconhecido, José começa o seu êxodo solitário caminhando. Atravessa ruas, quarteirões e bairros até chegar à península de Itapagipe. Chegando lá, José consegui uma carona no barco de um amigo que está prestes a sair para pescar do outro lado da baía, na ilha de Maré.

Ao atracar em Maré, José resolvi passar a noite por lá. Caminha pela praia e reflete sobre tudo o que aconteceu, de como foi humilhado e julgado por um crime que não cometeu. De volta ao cais ele senta próximo a um homem de meia idade que está tocando uma velha canção rock’n’roll no violão. Este homem é Thomas, um aventureiro que resolveu passar as férias inteira viajando com sua esposa Ana pelo litoral baiano num pequeno barco que comprara com suas economias. Ana está no barco descansando e Thomas ao perceber o semblante triste e solitário de José, se aproxima e tenta estabelecer um diálogo. Em poucos minutos os dois percebem que uma amizade estava nascendo. Thomas transmite paz e serenidade a José, e este em um momento de desabafo relata ao novo amigo tudo o que aconteceu com ele.

Na manhã seguinte, junto com os primeiros raios do sol, José, que havia dormido no cais, levanta-se. Observando o barco de Thomas, percebe que o casal está se preparando para partir. Imediatamente José acena para o amigo.

- Estamos de partida, amigo. Você gostaria de nos acompanhar nesta aventura? Perguntou Thomas.

- E porque não? Respondeu José com um sorriso no rosto.

Durante a viagem José percebeu que Thomas e Ana tinham alguns hábitos. Antes das refeições, oravam agradecendo a Deus pelo alimento, frequentemente liam a Bíblia e cantavam exaltando ao Deus da criação. Naturalmente, José começou a compartilhar desses momentos.

Certo dia quando estavam lendo o livro de Romanos no capítulo 10 versículo 9: "Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo."; Thomas perguntou a José se ele havia entendido aquele texto e se ele desejava confessar que Jesus é o único Senhor da sua vida. Sem retrucar, José respondeu positivamente e naquele momento fizeram uma oração que trouxe uma paz interior tão grande para o seu coração.

Depois de navegar por sete dias. Passando por diversas ilhas como a bela Boipeba e outras tantas da baía de Camamu, atracam em uma praia tranquila em Itacaré. José ficou maravilhado com a beleza do lugar. A mata atlântica, as praias paradisíacas, os nativos simples e hospitaleiros.

Os três amigos passam a noite em Itacaré e no dia seguinte Thomas se prepara para seguir viagem, mas José decidi ficar ali por mais tempo e despede-se do casal agradecendo por tudo o que fizeram por ele. Em uma praia deserta, José monta uma cabana, que em pouco tempo dá lugar a uma casa simples e aconchegante. Além de aprender a fazer artesanato, José tem uma pequena horta e pesca três vezes por semana, garantindo assim a sua subsistência.

Cinco anos se passaram e ao comprar alguns mantimentos em uma mercearia a uns nove kilometros da sua casa, José lê uma manchete no jornal que servia de embrulho para as suas compras: Rafael, filho do Senador Jurandir Cascagrossa, é preso por crime que cometeu há 5 anos em Salvador.

Big Johnny (João Roberto)

26 de maio de 2012

Big Johnny
Enviado por Big Johnny em 26/05/2012
Reeditado em 09/07/2018
Código do texto: T3689696
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