FORÇA DE EXPRESSÃO

Resolvi abrir o coração, cansei de engolir sapos, vou pôr as cartas na mesa. Quem não quiser ouvir que vá pentear macaco, ou meta o rabo entre as pernas e saia de fininho, depois, quando a porca torcer o rabo, não venha choramingar abobrinhas que não entendeu patavina.

Muitos vão ficar de queixo caído, sem eira nem beira, pois não vou dar ponto sem nó, nem tapar o sol com a peneira. Vou tirar a barriga da miséria, pagar na mesma moeda, a cobra vai fumar... é dose para cavalo. Não vou dourar a pílula, nem chorar sobre o leite derramado, mas cansei de comprar gato por lebre, malhar em ferro frio. Nem que a vaca tussa, não vou bater na mesma tecla. Apenas estou com a pulga atrás da orelha, cansei de andar feito barata tonta, o jeito é acabar com essa dor de cotovelo, rodar a baiana e chutar o pau da barraca.

Eu tinha a faca e o queijo na mão, agora estou com a corda no pescoço, a cabeça nas nuvens e de mãos atadas.

Só fui tirar água do joelho e veio um espírito de porco, amigo da onça, dizendo coisas sem pé nem cabeça e recebo um balde de água fria. Ela me recebeu com cara de quem comeu e não gostou, pôs minhoca na cabeça, mudou da água pro vinho, xingou a torto e a direito, me pegou de bode expiatório. Mas uma mão lava a outra, não estou aqui para segurar vela na casa de mãe Joana, não ficarei a ver navios, nem vou pagar o pato, vou me armar até aos dentes, não deixarei ao deus-dará, ela arrumou sarna pra se coçar.

Porém, antes de bater as botas, de ir desta para melhor, vou falar pelos cotovelos, abrir o jogo, dar com a língua nos dentes, mato a cobra e mostro o pau. Não vou entregar de mão beijada sem antes pôr os pingos nos is, ela vai entrar pelo cano, procurou chifre em cabeça de burro. Afinal, quem caiu no conto do vigário e deu com o nariz na porta, foi a besta quadrada aqui.

Agora serei uma pedra no sapato, vou até onde Judas perdeu as botas, nem quero pensar na morte da bezerra, ela pode pôr a barba de molho, catar milho... o tiro saiu pela culatra.

Vou arregaçar as mangas, agarrar com unhas e dentes, mesmo com um aperto no coração, vou fazer coisas do arco-da-velha, tempestade num copo d’água, dizer cobras e lagartos, lavar a roupa suja, meter os pés pelas mãos, não vou fazer vista grossa, nem dormir no ponto.

Ela chorou de barriga cheia, agora pode tirar a cavalinho da chuva, trepar pelas paredes, trocar as bolas, prometer mundos e fundos, chorar lágrimas de crocodilo que não darei o braço a torcer. Ela pode até me riscar do mapa, pois deu com os burros n’água, não fico nesse mar de lamas. Comigo nada termina em pizza; ao pé da letra, eu vou abandonar o barco, tomar um chá de sumiço.

BLOG O PLEBEU