Adele - O relógio na parede (Parte 1 de 200)

 
Era quase uma da manhã quando Adele se aproximou da janela.
Estava chovendo. 

Respirou profundamente e apenas sentia a chuva. O pensamento ensaiava um voo. Adele percebeu que um momento como aquele jamais poderia ser descrito. Sentiu o cheiro da chuva. Olhou para o céu. As cores que Adele viu eram desbotadas, mas o vinho a mantinha lúcida.
De um lado do quintal havia um muro alto, do outro apenas um pequeno canteiro que terminava no portão, antecedente a  uma árvore. Mas não era uma árvore comum. Seus galhos eram espalhados e estavam quase todos desfolhados. Algumas pontas apresentavam flores brancas, em outras, folhas estiradas, longas, rígidas. Um galho chamou a atenção de Adele. Em sua ponta as folhas lembravam uma estrela, sim, uma estrela de muitas pontas. Ela via-se estranha mum reflexo embaçado no vidro da janela e um sentimento de paz a invadiu, é,  como se pudesse ver a alma dessa árvore.
Adele obervava também as copas de outras plantas ao longe. De repente era tudo harmonia! Tudo estava onde deveria estar. O pequeno portão frente ao jardim permanecia aberto.  Adele teve a impressão de que o portão esperava alguém passar, talvez alguém que chegasse ou, quem sabe, saísse.
O relógio na parede parou e o portão simplesmente estava lá fora, estático, aberto, como uma passagem...



[Continua.]


Luciano Alex
Enviado por Luciano Alex em 23/05/2012
Reeditado em 04/06/2012
Código do texto: T3683009
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