TUDO ESTAVA MUDADO.
 
Sonhei que, toda feliz, andava de bicicleta no meio da rua onde nasci. Quando acordei de pronto me lembrei do sonho, coisa que raramente consigo. Aquela rua era muita pequena, tinha apenas dois quarteirões e calçadas estreitas. Era difícil ver um carro passar por ali. Todas as casas eram modestas com paredes brancas, cortinas nas janelas e lindos jardins. Há muito havia pensado em revê-la, mas a falta de tempo me impedia. Naquele dia decidi visitá-la. Tomei um ônibus e desci perto daquele local onde também passei minha infância. Caminhei devagar com o coração batendo forte pela expectativa do reencontro. Uma grande emoção tomava conta de mim. À chegada, deparei com a rua asfaltada e um ponto de táxi logo após minha casa. Esta estava muito esquisita, toda pintada de azul muito escuro. Seu antigo muro atijolado e o rústico portão de madeira deram lugar a altas grades de ferro com porta automática. O belo jardim virou um chão acinzentado sem verdes e nem flores. Várias motos, ali estacionadas, descansavam à espera de novos pedidos. Na parede frontal da casa, lia-se: ENTREGAS RÁPIDAS 170. Fiquei confusa, triste e com saudade daquela antiga e singela casa. Restou fechar meus olhos para receber de minha memória a linda lembrança da casa onde nasci!
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 18/05/2012
Reeditado em 01/01/2016
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