*A VERDADE DA LAGRIMA*

As pessoas muitas vezes acordam revoltadas, sem saber o porquê.

O dia começa do lado contrário, tudo é frio e nebuloso, mesmo estando um sol maravilhoso.

As necessidades do dia a dia incomodam...Preparar o café da manhã é chato, buscar o pão na padaria é pior ainda...Tudo fica realmente chato.

Aquela sensação de noite mal dormida, o corpo meio dolorido, e sem um único motivo, os sentimentos estão à flor da pele.

Às vezes sentimos uma raiva profunda, com vontade de mandar tudo e todos pra bem longe.

Por vezes, a angústia, a solidão, a insatisfação é quem toma conta do amanhecer...Um aperto no peito e então as lagrimas começam a escorrer...Lembranças de diversos fatos que por hora, foram enternecedores, alegres e envolventes...Começamos a sorrir por entre as lagrimas, abraçamos a almofada ou o travesseiro, passamos a mão no gato ou no cachorro companheiro e deixamos a mente divagar nas doces recordações.

Como fotografias, os momentos mais extasiantes da relação, vem com uma profusão de detalhes surpreendentes, até mesmo os pormenores aparecem, como se tivessem acontecido ontem, como se sentíssemos ainda o perfume, o toque, o gosto.

Em um piscar de olhos, o dia se transforma em noite, o colorido se esvai dando lugar ao breu, é como se sugassem a benevolência da natureza, dando espaço, à uma dimensão inescrupulosa, habitada pela dor, descaso, amargura, tristeza, solidão e diversos outros tormentos.

Neste exato momento, o coração dispara de medo, sentindo ser atravessado milímetro a milímetro por uma cruel adaga, matando o que de mais belo poderia existir, exaurindo a vontade de seguir em frente.

Agora os soluços fazem coro com as lágrimas...Um recital regido pela magoa, os violinos embalam a vil desilusão...No dedilhar do teclado, a solidão...A flauta solta agudos estridentes, urros altíssimos vindos da alma...Na percussão, são as pontadas de amarguras em um repique insistente...No tenebroso contra baixo, a alto-estima sucumbi ao seu acorde...A valsa da indignação, termina com uma chuva de aplausos da incompreensão.

Assim o tempo passa...As recordações se misturam e o pensamento se perde no vazio, então, somente o choro e os soluços entrecortados são ouvidos.

A mente começa a clarear, a dor vai amainando aos poucos...Neste momento um lenço secando uma ou outra lágrima que teima em cair, assoando o nariz dando espaço para o inebriante oxigênio e então proferimos frases simplórias e verdadeiras...Já foi...Você morreu...Isto é passado...Você nunca mais vai me magoar...Aos poucos estou tirando você de mim.

Chegaaaaaa!!!.Chega!!!.Chega...Atiramos o travesseiro longe eeee...

Em um passe de mágica, sentimos uma ansiedade louca pela luz, abrindo as janelas, buscando o sol, respirando fundo, admirando o azul do céu, pulando e abraçando o cachorro, e vamos ao banheiro...Lavamos as mãos e o rosto e começamos a conversar conosco mesmo, apaziguando o nosso ser, até ficarmos em paz.

Chorar não significa falta de personalidade...Chorar não significa ser fraco.

Chorar significa que foi espezinhada e maltratada em sua sensibilidade e necessitava se limpar.

Chorar é entrar em comunhão com a paz de espírito.

Chorar é expurgar o negrume da alma, deixando a luz adentrar.

Chorar é a pura demonstração de possuir sentimentos verdadeiros.

Chorar é um privilégio dos seres que tem alma e coração...CMRS.

Camaro CMRS
Enviado por Camaro CMRS em 17/05/2012
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