Um lugar mágico dos meus sonhos de infância
O lugar poderia parecer afastado de tudo, cheio de matas aos redores da casa, mas para mim, naquela idade, era como um pedaço do paraíso!.
Aos sete anos, não tinha as preocupações de hoje, não pensava em solidão, e muito menos, na falta de alguma superflualidade das cidades urbanas. O meu mundo era verde, e eu tinha o que a natureza me proporcionava.
lembro-me com saudade daqueles anos; chego até a escutar o barulho dos pássaros e a sentir o aroma das flores de maracujá. Tudo era perfeito!.
Não posso dizer que não tive infância vivendo lá, porque tudo se mostrava divertido e delicioso para mim. O desconhecimento das tecnologias, dos supermercados, dos shoppings, de tudo que tinha uma cidade grande, fazian-me ver o meu mundo com simplicidade e harmonia. Vivendo de poucas coisas, mas, no entanto, fazendo-me feliz por tudo o que eu tinha.
Era mágico acordar de manhã, ver a neblina fresca por cima das copas das arvores, o cantar dos bem-te-vis, que pousavam nos finos galhos de arvores magras com troncos acinzentados _e de um verde nas folhas que brilhavam ao refletir as gotículas de água presentes sobre suas faces. Era, simplesmente, um espetáculo!
Logo pela manhã, sentia o cheiro doce do café preto de mamãe que nos convidava ao desjejum; pão se tivesse, ou ovos, não vazia diferença, estava tudo bom para mim.
Andava descalça sentido o frio do chão com marcas de pingos de chuva deixada pela noite anterior. O barulho das arvores sendo balançadas pelo vento, trazia-me uma tranqüilidade sem igual.
Meu pai, como dizem, "acordava com as galinhas"_ e de fato era. Ele era granjeio; trabalhava para um Japonês, que pouco tempo depois, tornou-se padrinho do meu irmão mais novo.
Todos os dias meu pai, logo depois do café, ia dar ração e água para as galináceas, e depois, verificava se tudo estava em ordem nos três galpões em formato de retangulangulo, os quais ficavam paralelos uns aos outros, separados por um espaço de terra com um capim bem alto e bem verde. Vez ou outra meu pai, junto com outros homens contratados, tinha que roçar tudo para impedir a presença de animais que ameaçasse as galinhas, como cobras, gatos-do-mato e outros.
Meu pai, minha mãe e meu irmão mais velho dividiam as tarefas, e como eu e meu outro irmão (mais novo que eu) ainda éramos muito crianças, ficávamos apenas observando e ajudando em uma ou outra coisa que podiamos.
Mamãe se detinha nos afazeres domésticos: lavar roupa, fazer comida, cuidar de nós; e às vezes, quando sobrava tempo, ajudava meu pai no trabalho da granja.
Tínhamos liberdade para comer algumas aves se precisássemos. Mãmãe ou pai, preparavam o frango com limão, sal, e assava a carvão_ era um sabor sem igual!_ Acompanhado com o feijão e arroz da mamãe, então, viravam uma combinação perfeita!
Tudo, vendo desta minha nova visão, parecia uma vida simples e precária, de certa forma; mas naquele tempo, vista por meus olhos despreocupados de menina, era uma vida boa e cheia de encantos.Corria dentro da floresta para procurar frutas: jaca, ingá, jenipapo e uma ameixa negra como caroço de açaí, que tinha uma carne farta e suculenta que deixava uma marca rocha nos lábios e na língua, como que para guardar na lembrança o prazer de saborear aquelas pequenas frutinhas.
A ameixeira, como um tesouro, era escondida dos olhos de visita pelo galpão da esquerda, ficava atrás dele.Era rodeada de um chão escuro, talvez pela cor que as ameixas soltavam quando caiam maduras no chão.
Depois de tanta brincadeira e trabalho, e depois de ver o sol se pôr sumindo em meio a vegetação densa, o barulho das cigarras vinham para por melodia a noite escura, que acompanhada da lua e do brilho das estrelas, faziam um verdadeiro espetáculo aos nossos olhos.
E um pouco afastado da casa, o brilho dos vaga-lumes clareavam ainda mais aquela noite esplêndida, onde eu adormecia sentada no colo de minha mãe, no sereno da noite, ouvindo as conversas de meu pai como se fossem histórias de ninar.