Primeiro Despertar
Ao atravessar apressada pelo alvorecer da sua vida, deu-se conta que todos seus sonhos haviam morrido.
O tempo então calou-se diante desta constatação.
Os pássaros já não mais acariciavam a brisa com seus cantos em rodopios.
O céu quietara-se, nem ao menos o vento fazia cócegas nas copas das árvores.
Sim, todos se foram, um a um, cada sonho findou-se.
Pasma e calada, ela tomou-os em suas mãos, eram sonhos pequeninos e já opacos de tempo, sem nenhuma gota de fôlego se quer.
Esvaíram-se.
Mas não por estarem adoentados ou já terem nascido fracos... Ela permitiu que seus sonhos morressem, dia a dia, sufocados nos amontoados de rotinas...
Culpando-se incondicionalmente, prostrou-se à margem da vida, e com a ponta dos dedos, lentamente depositou-os. Suas lágrimas, em luto, vagarosamente beijavam a terra cálida e mansa, manto eterno...
As colinas já se ruborizavam com os beijos do sol vespertino, quando ela voltou os olhos silenciosos em despedida das pequenas sementes que semeara em sonhos um dia...