retratação
Essa tarde está um veneno
De veneno é o mundo
Ah, como queria estar com Judite
Sozinhos, lembra? Lembro...
Roupa clara, leve como...
Ih, tanta coisa é leve,
Deixa pra lá...
- Ela de batom
- Adorava!
A boca banhada de clareza
E somente eu ali
Amando seus dentes
Eu negando meu lado suburbano
E ela fazendo graça de si mesmo
Tão generosa
Descer do alto
Só pra me agradar
E como era caro
O restaurante
Mas não me importava
Depois tudo era pago
Em forma de relutância
E intransigência...
Depois, andar pela calçada
Ir até o fim da praça Mauro Carvalho
Sentar e passar tudo de novo
Como se tivéssemos
Ainda poucas palavras
Fingimos não saber
Que tudo que existia
Era malcriação e desandar
Como ainda estava emparedada
Dava pra ver
Atrás dos atropelos
Um pouco sal ainda
Nos olhos dela
Sal e sol, ainda encorpado
De vinho e gramado,
Rolando e dizendo agrados
aprendidos
Dava pra ver...
Sim
E as ondas atropelava
Nossas frases
Mar revolto
Vento de inverno
O frio comparava nossos corpo
O dela mais vestido
Sempre foi...
Quando foi embora
Ainda ficou ali
Passando um filme
Um desastre enrolado
Em presente, nunca aberto
Pra entender...
Mas que seus olhos ainda
Havia fé, existia!
E isso lhe dava
Uma certa dignidade