retratação

Essa tarde está um veneno

De veneno é o mundo

Ah, como queria estar com Judite

Sozinhos, lembra? Lembro...

Roupa clara, leve como...

Ih, tanta coisa é leve,

Deixa pra lá...

- Ela de batom

- Adorava!

A boca banhada de clareza

E somente eu ali

Amando seus dentes

Eu negando meu lado suburbano

E ela fazendo graça de si mesmo

Tão generosa

Descer do alto

Só pra me agradar

E como era caro

O restaurante

Mas não me importava

Depois tudo era pago

Em forma de relutância

E intransigência...

Depois, andar pela calçada

Ir até o fim da praça Mauro Carvalho

Sentar e passar tudo de novo

Como se tivéssemos

Ainda poucas palavras

Fingimos não saber

Que tudo que existia

Era malcriação e desandar

Como ainda estava emparedada

Dava pra ver

Atrás dos atropelos

Um pouco sal ainda

Nos olhos dela

Sal e sol, ainda encorpado

De vinho e gramado,

Rolando e dizendo agrados

aprendidos

Dava pra ver...

Sim

E as ondas atropelava

Nossas frases

Mar revolto

Vento de inverno

O frio comparava nossos corpo

O dela mais vestido

Sempre foi...

Quando foi embora

Ainda ficou ali

Passando um filme

Um desastre enrolado

Em presente, nunca aberto

Pra entender...

Mas que seus olhos ainda

Havia fé, existia!

E isso lhe dava

Uma certa dignidade

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 03/05/2012
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