As mãos eram iguais a do crucificado.

AS MÃOS ERAM IGUAS A DO CRUCIFICADO.

Conto de Honorato Ribeiro dos Santos.

Em 1944, em tempo de quaresma, a cultura do povo era o respeito a tudo que se referisse à crença religiosa. Quando era segunda-feira santa, ninguém cantava, não comia carne, e fazia penitência do jejum. Na quinta-feira santa, o comércio fechava. Ninguém vendia nada, somente depois do sábado da aleluia. Não montava em cavalo, não colocava bois no carro e nem abatia o gado bem como não tirava leite nas vacas. Não tocava sino; a matraca era quem substituía. Os vapores quando chegavam não apitavam. Tudo era silêncio profundo em reverência à Paixão de Cristo.

O açougueiro Vítor Mendes, conhecido por Vítor Preto, na madrugada de sexta-feira santa para o sábado santo, sábado da aleluia, ele foi e abateu uma vaca para seu açougue, pois era seu ofício: Açougueiro. Mas, quando ele tirou o couro da vaca e foi esticar no chão da Praça Santa Luzia, era o costume de ele fincar estacas de pau lavrado nas pontas servindo-se de pregos em redor do couro esticando para secar ao sol. Quando ele acabou de esticar o coro, ficou pasmo e cheio de remorso, pois, apareceram no couro duas mãos abertas, uma de um lado e outra de outro, nitidamente, com os sinais das chagas de Jesus Cristo ao ser pregado na cruz. O alarde foi grande, na pequena cidade ribeirinha do Velho Chico, pois, toda a população correu para ver os sinais das mãos e, no meio de cada palma da mão, estava o sinal dos cravos, igualzinho a imagem do Cristo pregado na cruz. Havia, no porto do cais, um vapor. Toda tripulação, bem como os passageiros foram ver com seus próprios olhos o fenômeno acontecido por causa do abate ainda em semana santa. Naquele tempo não havia máquinas fotográficas, bem como uma câmara de filmagem. Afirmam que esse coro foi levado para Salvador, capital da Bahia. Seu Vítor Mendes nunca mais abateu vaca em tempo de semana santa. Para ele foi um sinal de desrespeito ao dia grande de guarda que a igreja celebra liturgicamente a Paixão e morte de Jesus Cristo. Eu tinha apenas 11 anos de idade e vi o couro com o sinal das mãos e nunca me esqueci até hoje. Por isso narro esse texto, a fim de que quem ler saberá que há muitos mistérios e que nós não sabemos explicar. Vivemos numa mística até mesmo de crer na existência da vida eterna. Somente a fé é que guarda esse segredo e sustenta a certeza dessa mística entre Deus e a humanidade.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 24/04/2012
Código do texto: T3631165