A História de Uma Puta

O sol nem havia acabado de se pôr e Rebeca já começava a imaginar qual o modelito ficaria melhor no seu corpo de Puta (já com 32 anos) em mais uma noite de sexo que se iniciaria logo mais, após as vinte e duas horas, na boate Kiss-me, na grande São Paulo.

O tempo passava e, já em frente a um grande espelho que havia em seu quarto, Rebeca se lembrava que quando se assumiu Puta imaginou que seria algo temporário, só enquanto arranjava meios para estudar e trabalhar, afinal, seu marido a havia abandonado por outra quando ela tinha apenas 18 (dezoito) anos, e, não bastasse isso, ainda levou o único filho do casal, Davi, que tinha 6 anos de idade. Como Rebeca não sabia fazer outra coisa, senão sexo, julgou ter encontrado a solução para atravessar aquela fase difícil. Porém, seu semblante parecia triste, pois se lembrava que já estava há mais de onze anos transando com quem pagava mais, se vendendo e se utilizando de um meio que, no início, julgava "valer a pena".

Mais tarde Rebeca começou a se maquiar, e a sua maquiagem era feita de maneira impecável. Em cada contorno uma sedução. Em cada cor uma atração. Nas sombras dos seus olhos o disfarce da destruição: tudo é assim mesmo, tentava aquela mulher sofrida se convencer em vão. Parece que após aqueles longos anos algo começava a atormentar a alma e os sentimentos de uma das putas mais antigas daquele cabaré paulista.

Já com a maquiagem feita, enquanto uma lágrima ensaiava cair dos seus olhos, Rebeca pegou um vestidinho daqueles que chamavam a atenção até mesmos de Freires Franciscanos, afinal de contas: toda santidade é posta a prova por aquelas que oferecem as suas coxas como encostos para prazer. Já pronta, Rebeca caminhava para pegar a sua bolsa e os apetrechos que usava na noite, porém, era inevitável se lembrar de seu filho Davi, a quem nunca mais viu desde que seu ex-marido a abandonou e viajou sem deixar paradeiro...Rebeca nem o reconheceria caso o visse.

Lá estava Rebeca, pontualmente, às 22 horas, na boate em que "trabalhava". As horas passaram e Rebeca fez dois programas. Por já não ser tão jovem e nem tão atraente como as putas mais novas, Rebeca cobrava mais barato por seus "trabalhos", e tinha que transar com mais homens para arrecardar o que antes ganhava em no máximo duas transas.

Já de madrugada, um rapaz alto, branco, de no máximo vinte anos, entrou curioso na boate. Sentou-se, pediu uma bebida enquanto gargalhava com amigos. O rapaz viu Rebeca dançar no meio do salão, era evidente que a mulher da vida tentava chamar a atenção, e conseguiu. O rapaz chamou Rebeca e perguntou o preço do seu programa e, após ela falar, ele contratou os seus serviços. Beberam na mesa enquanto o jovem e os seus amigos passavam a mão no corpo da dama da rua, em seguida tudo terminou numa orgia sexual a dois no quarto 21 que havia ali mesmo, nos fundos da boate...Rebeca e o rapaz adormeceram e só acordaram bem mais tarde.

Já estava perto de o dia clarear quando Rebeca abriu sua bolsa e contou o dinheiro que havia ganho naquela noite. Naquele mesmo instante o rapaz despertou e, apressadamente, se pôs a se vestir. Quando o jovem já estava perto de sair, olhou para a puta sofrida e disse: "me desculpe por qualquer coisa, sei que não fui o mais cavalheiro...Se tivesse sido criado por minha mãe, certamente saberia tratar melhor as mulheres", se despediu e saiu pela porta.

Rebeca chorou ao se ver sozinha, somente em companhia de alguns trocados em sua bolsa, acendeu um cigarro e saiu se perguntando onde poderia comprar pão para tomar café no seu apartamento...Mal sabia Rebeca que havia transado com seu próprio filho naquela noite desventurada e triste na qual a mulher de todos os homens não conseguia sequer julgar os seus próprios atos imundos.

Lui Jota
Enviado por Lui Jota em 15/04/2012
Reeditado em 15/04/2012
Código do texto: T3614429
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