OUTONO NA ALMA...

O céu era de outono,tal qual agora,as estrelas se esparramavam

pelo céu claro embaladas por uma brisa suave e quase úmida.

Os matizes multicoloridos se (re)desenhavam no infinito,como

capricho de pintores invisíveis em total harmonia com as cores.

Em silêncio podia sentir os sons livres e eternos da voz da alma do mundo.

Talvez fadas,duendes,elfos,sereias e feiticeiras,ciganas ou não,

brincassem travessamente sob os olhos sábios dos druídas.

Entre as poucas nuvens a lua nova enfeitava e enfeitiçava com

a cumplicidade de aldebarã.

Pelos canteiros espalhavam-se folhas secas,flores coloridas e aromas infinitamente radiantes.

Veio o outono,estação que se deixa tênue fio entre o calor insano/intenso e incansável do verão e o frio e cinzento inverno.

Naquela tarde em especial uma magia estranha se espalhava pelo ar, ondas vinham vagarosamente se debruçar na areia ainda morna,espumas se arremessavam ao vento.

A alma misturava em seu caldeirão mais íntimo sua poção :saudade

de alguma coisa que não se completou,vontade de voltar no tempo e conhecer o presente/futuro,mesclado em pretérito imperfeito.

Mas era outono,urgia seguir os lentos passos/compassos do tempo,

tal qual cigarra agregaria folhas/esperanças/forças/lembranças,para

sobreviver a mais um inverno.

Olhava o mar tranquilo,o céu fresco e podia tocar as fadas com os

dedos,pirilampos volitavam alegres e estrelas caíam,lembrando que o hoje é muito breve e o amanhã... bem, quem poderá saber do amanhã?!

Que o outono nos recicle/recrie e risque/rabisque os rascunhos do que fomos , firmando em nós traços do que seremos quando o inverno chegar.

Márcia Barcelos.

28/03/2012.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 28/03/2012
Código do texto: T3580961