AGORA SOU BORBOLETA

Já sou uma borboleta de mais de dez horas de vida. Quando dei por mim, estava eu com duas asas prontas para voar, e o mais engraçado: era como abrir os olhos; uma coisa que fazemos sem complicações: voei, nasci sabendo habilidosamente voar.

Já disse que sou uma borboleta e não devia assim pensar. Devia apenas ‘correr’ em direção da luz mais próxima e servir de caça fácil para algum inseto faminto. Mas assim que nasci, parei e sentei por alguns minutos, que ora, fora uma vida! Cá estava eu, asas e com menos de dois centímetros, mas com a consciência de um homem; esquecida de se apagar. Que hei de fazer, pensei. Horas e horas de vida serão uma eternidade.

Ora, quando homem, sonhara em ser livre, ter asas! Em saber como é voar e entender de uma vez por todas o que há de tão fascinante nas lâmpadas. Agora que tenho essa chance, pensando melhor, vou passar o resto das horas viajando por lâmpadas e experimentando minhas asas.

Ana Júlia Marcato
Enviado por Ana Júlia Marcato em 22/03/2012
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