Moribumdo

- Ah vida ingrata, tirana foi essa que me tocou, tava na flor da idade e a doença me roubou a saúde que eu tinha só sofrimento sobrou.

Foi assim, com força nas idéias, que seu Joaquim Maia, meu tataravô, quando se encontrava no leito da morte, atacado por uma doença implacável, "desconhecida", resumiu seu estado emocional. Não podemos julgá-lo por esse sentimento. Somente ele seria capaz de expressar o que se passava para isso lhe sobrava legitimidade.

Na oportunidade, quando perguntado, ele disse ter buscado todos os recursos que se julgava a servir mas tudo foi sem proveito, dizendo, que o remédio foi sentir as dores da doença e que fez mil promessas aos santos porém nenhum quis lhe ouvir.

Acreditava, o moribundo, que Deus assim o queria, não havendo a quem apelar, o que lhe restava era sofrer enquanto vivo até a morte chegar, e como último recurso, esperar que lá no céu, se acaso fosse merecedor, outra vida ia gozar.

Mesmo naquele estado, ele reconhecida que Deus era de infinita bondade e que haveria de atender ao seu gemido já que não eram tão poucos os tempos que ele já tinha sofrido, só lhe restando uma esperança: que de Deus fosse valido.

Ele vivia iludido e na morte não pensava, só que ela lhe veio à traição quando ele nem esperava, pois vivia sem lembrar das dores que nesse mundo passava.

Por causa das mil promessas aos santos, ele foi ao Canindé, perdeu os passos que deu, veja o mundo como é, Santo nunca valeu gente naquilo que Deus não quer.

Grandes foram as suas dores, grande foi o seu sofrer além de tantos martírios, vivia quase sem comer, não sabia o que é dormir, só lhe faltava morrer.

Hoje, falando assim, quero fazer um pedido a quem nesta obra pegar

que se lembre do seu gemido, que reze mais um pai nosso que será bem recebido.

Polion de São Fernando
Enviado por Polion de São Fernando em 17/03/2012
Código do texto: T3560306
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