O canto do velho
Por algum tempo eu conversei com o velho. Pouco entendia, é verdade, sua linguagem não era nossa, ou minha – sei muito pouco de outras linguagens.
Ele me ouvia atentamente e compreendia tudo. Era a primeira vez que alguém me compreendia. Eu estava feliz.
O velho as vezes silenciava. Vestia o pensamento com as minhas palavras. Parecia deixar as palavras escorrerem em seu corpo enrugado. Por vezes me interrompia com uma frase imperceptível para mim, qualquer coisa como io sol per aslas dei onir..., o resto acho que terminava em pássaro.
Eu ria. Ele ria. Só entendi muito tempo depois, quando ele voou.