Da arte de amadurecer
Os dias passaram e eu nem dei fé. De repente, já era fim de ano, fim de século, fim de milênio. Estava eu de pé atolado nos 40, idade que eu não consigo me acostumar.
Dia desses, eu era menino, me encantava com as garotas, que me levavam milhões de espermatozóides. Para rapaz foi um pulo. Namoro, formatura, emprego, casamento, filhos, divórcio e demais convenções sociais.
Pouco dinheiro, claro, tempo de crise. Alguns planos desfeitos.
Durante esse tempo, nasci e renasci tantas vezes! Vezes morri com os meus amores mortos. Visitei e escapei do inferno. Acho que sofri.
Um anjo me disse que tudo será novo e bom. Acredito. Quer dizer, a estas alturas tenho uma enorme vocação para acreditar em palavra de anjo. Só não consigo me lembrar onde deixei meus óculos escuros. É novo tempo. Preciso sair ao sol.