Sobreviver.
Senta-se no banco da varanda, mira a rua que se prostra a sua frente e respira. Esse é seu ritual de todos os dias, e a cada diz que passa, o ar entra com mais dificuldade em seus pulmões. Já não entende mais o objetivo de se manter vivo, o objetivo de sobreviver a cada dia. Há tempos que parara de viver, para apenas sobreviver. Virara o coadjuvante em seu próprio romance. Perdera o controlo da caneta, e deixara que as outras pessoas escrevessem os capítulos de sua vida. Nunca fez nada do que quis, viveu em função de pessoas que no final, simplesmente sumiram. Havia cansado de tentar entender o porquê das pessoas, se cansarem dele. Um dia simplesmente chegou a conclusão de que talvez não fosse bom o bastante, que não merecia conviver com ninguém. Que era falho, incompleto e nulo. Tantas pessoas no mundo, porque logo ele merecia a felicidade? E foi assim que viveu os restos de seus dias. Sentado em um banco sujo e velho, que há muito tempo fora colocado naquele mesmo lugar, olhando para o nada. Esperando que o nada trouxesse algo de bom, mas sabendo que nada iria acontecer. Tinha a plena certeza, que esse seria o seu fim. Sozinho. E assim foi. Um belo dia ele decidiu desistir da vida, percebera que já havia morrido há muito tempo, só esquecera de parar de respirar. Só esquecera de mandar seu coração parar de bater. E como viveu a sua vida inteira, sem ninguém ao seu lado, morreu do mesmo jeito. Sem ninguém parar derramar, mesmo que algumas lágrimas por aquela vida jogada no lixo anos atrás.