JUNTOS PARA SEMPRE.

Depois que mudaram para o apartamento, ele sempre passeava com a sua cachorrinha para que ela fizesse xixi e cocô. O primeiro passeio era às 5 horas da manhä. Ele adorava fazer isso. Principalmente quando a cachorrinha corria até a sua cama para acordá-lo. Ela subia na borda e ficava lamendo-o com alegria única. Haja alegria. Sua felicidade era tanta que dava pra sentir o coração batendo mais rápido e forte. Naquela madrugada, lá foram os dois para o seu passeio habitual. De repente, aparece um assaltaltante. Passa a carteira? Não tenho, deixei em casa. Passa a chave do carro? Deixei em casa. Passa o celular? Idem. O assaltante não teve dúvidas. Sacou sua faca a desferiu dois golpes certeiros, um na barriga, outro no peito. E foi embora correndo. Ele caiu, com sangue jorrando em profusão. Soltou a coleira e a cachorrinha ficou do lado, lambendo o seu sangue, como se quisesse pegar toda aquela dor para si. Os golpes foram fatais e ele agonizava. Um carro que passava por perto viu a cena. Quando o motorista quis se aproximar dele, a cachorrinha virou leão. Imagine uma cadelinha basset, frágil até, virando uma verdadeira fera. Veio outra pessoa, e mais outra, mais outra. E nada da cachorrinha deixar que se aproximassem do corpo, que jazia inerte envolto numa poça de sangue.

Veio a polícia, começou a juntar gente em volta e a cadelinha estava cada vez mais fera, casa vez mais decidida a não deixar ninguém chegar perto do seu querido dono. Os latidos ensurdecedores não acordavam só toda vizinhança. Acordaram o mundo. Como um réquiem, ela queria que o universo todo soubesse que tiraram a vida da sua criatura mais querida, daquele para quem daria sua vida, ou o que mais tivesse de precioso, sem pestanejar. O policial teve que atirar, não havia outro jeito. Quando o sangue deles se misturou, a cachorrinha finalmente acalmou. Então as almas dos dois seguiram seu caminho em paz. Juntos para sempre.